Título: Presidente já costura coalizão para eventual 2º mandato
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já começou a conversar com políticos de vários partidos e segmentos da sociedade sobre a necessidade de um governo de coalizão num eventual segundo mandato.

Lula está preocupado com a possibilidade de vencer a eleição e não conseguir governar por causa da disputa política. É nesse cenário que se encaixa sua tentativa de atrair o PMDB, com promessas de mais ministérios ao partido.

Ele sabe, porém, que será difícil contar com o PMDB inteiro e não quer ficar refém das pequenas siglas, como ocorreu até a eclosão do escândalo do mensalão. Investe, por isso mesmo, no debate em torno da reforma política, que adotou como uma espécie de mantra, recheada pela fidelidade partidária com financiamento público de campanha.

Ao pregar um governo de união nacional, o presidente ressuscita a conclamação feita por ele próprio quando assumiu, em janeiro de 2003. Apesar da imensa crise política que atingiu o Planalto há mais de um ano, julga que, reeleito, terá credenciais mais robustas para transformar a reforma do sistema partidário na prioridade do segundo mandato.

"Há três posições sobre as quais o presidente Lula não arreda pé: se reeleito, seu próximo governo será de coalizão; além disso, vai montar um time que dê sustentação à reforma política; e, a partir de 2007, o binômio estabilidade e crescimento será invertido", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ao dizer que, em primeiro lugar, estará a meta de crescimento.

Com o discurso da distensão política na ponta da língua, alguns interlocutores do presidente chegam a defender até mesmo a aproximação com setores do PSDB e do PFL. "O País não pode manter esse nível de conflito", afirmou o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, hoje candidato a deputado pelo PT. "O novo governo deve ser de união: precisa conversar com o País e dialogar com a oposição para construir consensos."

Confiante no segundo mandato, Lula tem dito que, logo após a eleição, convocará todos os governadores para tentar costurar a aprovação de várias reformas para os próximos anos. Na lista, além das alterações na arena política, está a mudança tributária. Ao menos por enquanto, a proposta de uma nova reforma da Previdência não tem acordo nem no governo nem no PT.