Título: Desemprego é o maior em 15 meses
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/08/2006, Economia, p. B6

Desemprego em alta, renda em queda. O mercado de trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do País registrou em julho a maior taxa de desemprego apurada pelo IBGE em 15 meses, de 10,7%. Em junho, a taxa havia sido de 10,4%. O rendimento médio real dos trabalhadores caiu 0,7% em julho ante o mês anterior, no primeiro recuo após cinco meses consecutivos de expansão.

Para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, o mercado de trabalho foi "menos favorável" em julho. "Alguma coisa no mercado de trabalho não vai bem, vamos tentar explicar isso com os resultados das próximas pesquisas." Segundo ele, a variação da taxa em relação a junho "não é estatisticamente significativa", mas completa um período de cinco meses em que o desemprego está "engessado em patamar mais elevado do que no ano passado". Em julho de 2005, a taxa foi de 9,4%.

Azeredo ressaltou que a expectativa para 2006 era de queda na taxa de desemprego a partir de maio, mas isso não ocorreu. "Há uma maior pressão sobre o mercado, com mais pessoas procurando trabalho, e não são geradas vagas suficientes para absorver", avalia.

O número de pessoas desocupadas cresceu 3,9% ante junho, o que significou um acréscimo de 90 mil pessoas procurando trabalho. O total de ocupados só aumentou 0,4% no período, com geração de 84 mil vagas, o que levou à sobra de 2,43 milhões de desocupados nas seis regiões. Desse modo, o número de desocupados retornou ao patamar de julho de 2004.

Na comparação com julho de 2005, o total de desocupados cresceu 17,9% - a maior variação desde outubro de 2003 -, com acréscimo de 368 mil pessoas procurando emprego. O número de vagas geradas foi maior (413 mil), mas não suficiente para absorver a procura.

Para a economista do Unibanco Giovanna Rocca, os dados de julho "não são alarmantes" e mostram que há mais pessoas considerando que o mercado de trabalho está promissor e, por isso, saem em busca de emprego. Ela está otimista em relação aos próximos meses, porque, historicamente, mais vagas são criadas no fim do ano.

Azeredo explicou que o aumento da procura por emprego pode estar relacionado à proximidade das eleições, com a expectativa de geração de vagas, e à queda no rendimento.

Este é um dos motivos apontados por ele para a queda no número de inativos (sem trabalho e sem procurar emprego). Em julho, parte dessa população voltou a procurar uma vaga, pressionando o número de desocupados e a taxa de desemprego. Na comparação com junho, o número de inativos caiu 0,9%, com o retorno de 149 mil pessoas ao mercado.

RENDA

De acordo com Azeredo, o recuo na renda em julho ante junho foi puxado pela região metropolitana de São Paulo, onde o rendimento médio caiu 2% no período, sob impacto especialmente do grupo dos empregados com carteira (-1,1%).

Apesar da queda na renda ante mês anterior, houve crescimento de 3,4% ante julho de 2005. Em julho deste ano o rendimento ficou em R$ 1.028,50. Azeredo destacou ainda que foi mantida a tendência de alta, já que no acumulado de janeiro a julho de 2006, o rendimento médio ficou em R$ 1.018,14, com variação de 4,2% ante igual período do ano passado.