Título: Vendedora diz que novo valor permite custear estudo
Autor: Sobral, Isabel e Gobetti, Sérgio
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Nacional, p. A10

Aos 19 anos e prestes a começar a cursar a faculdade de Educação Física, a vendedora Denise Yuriko Cavallaro ficou satisfeita com o reajuste do salário mínimo dos atuais R$ 350 para R$ 380. 'É um ajuste que ajuda. No meu caso o mínimo é suficiente, dá para garantir ao menos a faculdade. Mas sei de muita gente para quem os R$ 380 não dão pra nada', disse a estudante. 'Claro que se o valor fosse maior seria melhor. Espero que pouco a pouco o salário vá subindo.'

Denise se organizou para garantir sem sobressaltos os estudos e os R$ 30 adicionais serão acrescentados na ajuda que já dá aos avós, com quem mora, ou para eventualmente comprar uma roupa. Ela conseguiu bolsa na faculdade e, em vez dos mais de R$ 400 da mensalidade, pagará R$ 210. R$ 75 serão gastos com condução e outros R$ 20 em lanches, pois não tem tempo para jantar.

Denise não acompanhou de perto as negociações do mínimo, mas acredita que o recuo do governo, ao reduzir a proposta do presidente Lula de R$ 375 para R$ 367, não passou de manobra dos ministros para barrar um reajuste maior e ainda garantir uma boa imagem a Lula.

'Dão um pouquinho a mais para poder dizer que conseguiram fazer, sem ficar ruim para o lado deles. Mas é claro que se prometeram é porque poderiam cumprir.'

A estudante disse que se revoltou com a tentativa dos congressistas de elevar seus salários para R$ 24.500 e considerou um absurdo o novo valor, de R$ 16.500, que deve ser aprovado em plenário. 'É muito ainda, não dá para acreditar. Se eu ganhasse metade do que eles ganham eu seria muito, muito feliz. Montaria meu negócio, uma academia, ou um spa. Mas é melhor eu sonhar baixinho.'