Título: 'Não estamos vencendo', admite Bush
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Internacional, p. A17

Pela primeira vez desde o início do conflito no Iraque, em 2003, o presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu ontem que as forças insurgentes 'frustraram os esforços americanos para estabilizar' o país do Golfo Pérsico. Na última entrevista coletiva antes de partir para as folgas de fim de ano em sua fazenda de Crawford, no Texas, Bush se referiu a declarações que deu na véspera a The Washington Post, publicadas ontem, segundo as quais os EUA 'não estão vencendo, mas também não estão perdendo (a guerra)'. 'Esse comentário reflete o fato de que não temos tido êxito com a rapidez que eu desejava', afirmou.

'Os inimigos da liberdade adotaram uma estratégia para promover a violência sectária entre xiitas e sunitas e, ao longo deste ano, tiveram êxito', reconheceu o presidente.

Bush acrescentou, no entanto, que 'os EUA não sairão correndo do Iraque' e reiterou que a luta de longo prazo contra o terror exigirá a ampliação do contingente permanente do Exército americano. Pressionado para mudar a estratégia militar no Iraque, ele declarou que ainda está avaliando a possibilidade de ampliar, por um curto período de tempo, o número de soldados no país - como um último esforço para controlar a crescente violência e preparar o caminho para uma retirada.

Bush afirmou também que os EUA 'pedirão mais de seus parceiros iraquianos' em 2007. 'Não farei previsões sobre como será 2007, exceto a de que exigirá decisões difíceis e sacrifícios adicionais, pois o inimigo é impiedoso e violento.'

Bush também rejeitou uma recomendação do Grupo de Estudos para o Iraque - uma comissão liderada pelo republicano James Baker e pelo democrata Lee Hamilton - para iniciar um diálogo com Síria e Irã. 'Minha mensagem ao povo iraniano é a seguinte: merecem mais do que um presidente (Mahmud Ahmadinejad) que repete constantemente ao mundo que o Irã está desconectado da maioria das nações.'

Bush disse também que pretende trabalhar em parceria com a nova maioria democrata no Congresso. A oposição acabou com 12 anos de hegemonia republicana nas eleições legislativas de 7 de novembro. Bush disse ter visto uma grande abertura para tomar decisões em conjunto com os democratas nas duas principais áreas em que são necessárias negociações no plano interno: a reforma da previdência e a questão da imigração.