Título: Al-Qaeda critica eleições palestinas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Internacional, p. A19

O número 2 da organização terrorista Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, criticou ontem o plano do presidente palestino, Mahmud Abbas, de convocar eleições antecipadas e dissolver o governo do primeiro-ministro Ismail Haniye, do grupo islâmico Hamas. Em um vídeo divulgado pela rede de TV Al-Jazira, Zawahiri disse que qualquer caminho além da guerra santa 'levará à derrota' na luta contra o Ocidente e definiu Abbas como o 'homem da América na Palestina'.

'Eleições baseadas em Constituições laicas não libertarão um grão de areia no territórios palestinos e impossibilitarão a guerra santa', afirmou Zawahiri. Ele também criticou o Hamas por ter aceitado participar das eleições na região. 'Como eles não solicitaram uma Constituição islâmica para a Palestina antes de entrar nas eleições? Eles não são um movimento islâmico?', questionou o braço direito do líder da al-Qaeda, Osama bin Laden.

Em janeiro, o Hamas obteve a maioria no Parlamento da Autoridade Palestina, numa vitória eleitoral sobre o Fatah, o partido laico de Abbas. Desde então, os dois grupos travam uma acirrada disputa por poder. Abbas anunciou a convocação de eleições antecipadas no sábado. Como isso implicaria na dissolução do governo de Haniye, a decisão desatou uma onda de violência entre os dois grupos.

Os palestinos se mostraram contrariados com a intromissão do líder da Al-Qaeda na briga interna entre Fatah e Hamas. 'Cada nação tem sua ideologia e maneira de ver as coisas - alguns apostam na guerra santa e outros, no trabalho constitucional', disse o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum. De acordo com Nimer Hammad, assessor de Abbas, a retórica da Al-Qaeda 'prejudica a causa palestina'.

No vídeo, Zawahiri também disse que a Al-Qaeda continuará a atacar países ocidentais enquanto houver 'ingerência' em terras islâmicas. 'Se nós somos atacados em nossas terras, não deixaremos de atacá-los em seus países', afirmou.

O número 2 da Al-Qaeda rejeitou a teoria do presidente americano, George W. Bush, de que combater o terrorismo pode garantir a segurança dos EUA e disse que Washington está fazendo as parcerias erradas no Iraque e no Afeganistão: 'Vocês não estão negociando com os verdadeiros poderes do mundo muçulmano.'