Título: Lula adia de novo anúncio do pacote
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Economia, p. B1
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar para o início de janeiro o anúncio do pacote para 'destravar' o crescimento econômico, originalmente programado para hoje. Após reunir-se com seus principais ministros, Lula concluiu que as medidas não estavam prontas. 'O presidente entendeu que ainda é necessário um detalhamento dos projetos', disse o porta-voz do presidente, André Singer. 'Era preciso ajustar algumas medidas que não estavam batendo', acrescentou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Porém, a causa mais provável foram as decisões tomadas ontem de corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) em 4,5%, em vez dos 3% previstos, e de fixar um salário mínimo de R$ 380, em vez dos R$ 375 que constavam da proposta de Orçamento para 2007. Juntas as duas medidas custarão R$ 1,1 bilhão acima do previsto. Restou à área econômica a tarefa de encontrar esse dinheiro, mantendo as 'ousadias'.
Também pesou a aproximação das festas de fim de ano. 'Quero fazer as coisas pensadas. Está tudo pronto, mas vou anunciar em janeiro. Agora, o pessoal só pensa em Natal e ano-novo', disse Lula a um parlamentar do PP. Segundo fontes do governo, o marqueteiro João Santana teria aconselhado o presidente Lula a adiar o pacote, pois o impacto do anúncio seria maior no início do ano.
Marinho negou que fosse o salário mínimo a principal razão do adiamento, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, haver defendido ontem um piso de R$ 367. 'Era natural que ele defendesse essa posição até que houvesse uma decisão final', disse Marinho.
Na tarde de ontem, os técnicos do Ministério da Fazenda ainda insistiam em conter o aumento do mínimo e a correção da tabela e brigavam por uma regra permanente de correção do mínimo que fosse menos generosa do que a escolhida por Lula: inflação acrescida da variação do PIB. A Fazenda defendia inflação mais o PIB per capita, o que dá reajustes menores.
Segundo assessores, Lula aposta alto nas medidas, que poderão levar a economia a crescer 5% ao ano. Ontem, cada vez que um ministro apresentava as medidas de sua área, era questionado pelo presidente. Lula passou seis horas com os ministros da Fazenda, Guido Mantega; da Casa Civil, Dilma Rousseff; do Planejamento, Paulo Bernardo; do Trabalho, Luiz Marinho; e da Previdência, Nelson Machado, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral.