Título: Rondeau pede correção à Bolívia
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Economia, p. B9

O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, pediu ontem a seu colega Carlos Villegas, ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, que corrija as suas declarações de que o governo brasileiro e a Petrobrás teriam aberto mão da possibilidade de recorrer à arbitragem de côrtes internacionais para resolver a pendência sobre o reajuste do preço do gás exportado ao Brasil.

A versão foi apresentada anteontem à imprensa boliviana por Villegas e surpreendeu Rondeau, que assegurou não ter tratado desse assunto durante a visita da missão ministerial da Bolívia a Brasília, na sexta-feira passada.

Sob o comando do próprio Villegas e do chanceler David Choquehuanca, a missão boliviana teve o objetivo de criar um 'clima positivo' para as relações bilaterais, conturbadas desde a nacionalização dos setores de gás e de petróleo pelo governo Evo Morales, em maio.

Ontem, o gabinete de Rondeau reiterou que a arbitragem internacional continuará a ser a última instância para a Petrobrás defender seus interesses na Bolívia, seja na questão do preço do gás ou da indenização da companhia brasileira pela nacionalização das suas duas refinarias de petróleo no País.

Para a imprensa boliviana, Villegas anunciou, ainda, de forma dúbia, que acabou a era da exportação barata de gás natural. A reivindicação da Bolívia de aumento no preço do gás comprado pelo Brasil, de US$ 4,08 por milhão de BTU para US$ 5,00, continua sobre a mesa de negociação.

O prazo para que haja uma decisão terminará apenas em abril de 2007, como foi acertado no mês passado. Da órbita exclusiva da Petrobrás, esse tema foi abordado apenas superficialmente por Rondeau e pelo chanceler Celso Amorim nos encontros de sexta-feira.

Para hoje, em Santa Cruz de la Sierra, está prevista uma reunião bilateral para tratar de uma pendência exclusiva do setor privado de ambos os países. Trata-se da demanda da Bolívia de elevação dos preços de exportação de 1,2 milhão de metros cúbicos de gás por dia para a TermoCuiabá, em Cuiabá (MT), cuja operação segue um contrato firmado entre companhias privadas.

O governo boliviano pleiteia o aumento do preço de exportação, de US$ 1,09 por milhão de BTU, para US$ 4,08, mesmo valor das vendas de gás para a Petrobrás.