Título: Nervosismo diminui na Tailândia
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/12/2006, Economia, p. B13
A Bolsa da Tailândia recuperou ontem parte das perdas de terça-feira, depois de o banco central decidir excluir os fluxos estrangeiros destinados ao mercado acionário e a investimentos diretos da medida para controlar o capital especulativo que levou o baht, a moeda local, no maior nível ante o dólar dos últimos nove anos. O Índice Thai Set, principal referencial do mercado local, fechou em alta de 11,2%, após uma onda de pânico ter provocado uma queda abismal de 15% do índice na sessão anterior.
No entanto, analistas alertam que a implementação malfeita de regras para limitar as pressões especulativas sobre o baht abalou a confiança dos investidores e deve deixar o mercado tailandês devagar por um período prolongado.
A decisão do governo ocorreu após os gerentes internacionais de fundos terem aumentado a presença no mercado tailandês, avaliando que as tensões políticas tinham terminado após o golpe militar de setembro, que destituiu o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.
Em relatório divulgado ontem, o banco holandês ABN Amro recomendou a redução da participação das ações da Tailândia em seu portfólio-modelo para a Ásia, de 2,5% para 1,5%, avaliando que a incerteza com as mudanças políticas potenciais e as eleições marcadas para o fim de 2007 devem limitar o fluxo de capital estrangeiro para o país.
A presidente do Banco da Tailândia, Tarisa Watanagase, afirmou, contudo, que não detectou sinais de que os fundos retirados com as vendas das ações tailandesas na terça-feira estariam saindo do país. De acordo com ela, isso se deve às exceções adotadas para a compra de ações por parte de investidores estrangeiros.
As exceções deram um colchão para o baht, que se desvalorizou na terça-feira, após ter tocado a máxima ante o dólar em nove anos na segunda-feira. O dólar fechou ontem a 35,80 bahts no mercado doméstico tailandês, em queda ante a cotação de 35,915 do fechamento de ontem na Ásia. Na segunda-feira, o dólar alcançou a mínima em nove anos e meio, a 35,060 bahts.
BRASIL BLINDADO
O risco de o Brasil sofrer reflexos da crise na Tailândia mereceu avaliações diferentes por parte de integrantes da equipe econômica.
Enquanto o secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, avaliou que o País está 'imune' às turbulências graças à boa situação das contas externas brasileiras, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, foi mais cauteloso.
'Os efeitos no Brasil inicialmente não parecem significativos, mas é preciso aguardar algumas semanas', disse. Ele observou, de outro lado, que o País resistiu bem diante do susto tomado anteontem pelo mercado internacional. 'O prêmio de risco Brasil ficou estável, houve até uma pequena melhora na margem, o que mostra o aumento da capacidade de resistência a choques.'
Bevilaqua lembrou que, no passado não muito distante, em situações de volatilidade no mercado internacional, os ativos brasileiros eram os que mais sofriam, mas este ano a situação se mostrou diferente e os ativos brasileiros têm sido menos afetados que os de outros países. 'Os investidores sabem diferenciar e ver que a economia brasileira tem uma situação melhor de balanço de pagamentos', disse Bevilaqua.