Título: Presidente do partido teme onda de adesões
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2006, Nacional, p. A7

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), criticou as eventuais adesões de parlamentares à sua legenda movidas por supostas benesses concedidas pelo governo federal, após a coalizão firmada entre o partido e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 'É evidente que a adesão tem que se dar em função do programa do partido e não porque o partido apóia ou não apóia o governo', disse Temer, ontem, em seminário sobre reforma política, no Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). 'A coalizão não implica concessão de benesses, mas sim a união de forças políticas em prol da governabilidade', afirmou.

Segundo o parlamentar, a procura pelo PMDB pode ser positiva em termos numéricos, mas o inchaço traria como contrapartida o esvaziamento da posição política da legenda. 'Muita gente está aderindo ao PMDB, mas em termos programáticos isso é muito ruim, pois desvaloriza o partido perante a opinião pública, dando a impressão de que se quer as benesses do governo federal.'

O parlamentar reconheceu que o PMDB pode se tornar um 'desaguadouro' de parlamentares atraídos pelas vantagens que a aliança com o governo Lula representa, mas que não teria como negar a filiação a esses políticos. 'Negar, não tem como. Tem como examinar cada caso dessa eventual adesão e essa é a minha proposta', esquivou-se, sem detalhar medidas concretas para contornar o problema.

Temer diz que a constante busca por troca de favores entre Legislativo e Executivo alimenta o caráter personalista da política e a conseqüente descrença da sociedade nas instituições. 'Não prezamos nossas instituições, não prezamos os partidos porque eles não têm significação política', analisou. 'Esse é um mal que nós devemos retirar da vida pública brasileira', defendeu, tachando os atuais partidos de 'aglomerados de pessoas que aderem umas às outras por interesses pessoais'.