Título: Lula tentará convencer PT a apoiar Aldo Rebelo
Autor: Rosa, Vera e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/12/2006, Nacional, p. A8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou ontem, em duas reuniões com aliados históricos, a simpatia pela recondução do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) à presidência da Câmara, e de Renan Calheiros (PMDB-AL) ao comando do Senado. 'Em time que está ganhando não se mexe', disse ele, durante encontro com a cúpula do PC do B, no Palácio do Planalto. Aos comunistas, que formalizaram sua permanência na base aliada, sugeriu que o governo fará 'mediação' para convencer o PT e o PMDB a desistirem de lançar concorrentes na Câmara. Motivo: não quer começar o governo de coalizão com a base rachada.

Horas depois, ao receber o governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos - que é presidente do PSB -, Lula foi só elogios a Aldo, seu ex-ministro da Coordenação Política. 'É um dos homens de bem que conheci', afirmou o presidente.

O problema é que, embora o PMDB possa ceder, até agora a bancada do PT não abre mão de disputar a presidência da Câmara em fevereiro. 'Estamos construindo de maneira adequada uma solução', disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Casa, após se reunir ontem com Aldo. Chinaglia é pré-candidato do PT à vaga. A reeleição de Aldo tem o apoio do bloco formado por PC do B, PSB e PRB.

No Planalto, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, disse a Lula que é preciso separar a questão de cargos no ministério da presidência da Câmara. 'A eleição da Câmara e a distribuição de cargos são coisas distintas. A eleição não inviabiliza que o partido tenha mais de um ministério', argumentou Rabelo. Atualmente, os comunistas são responsáveis pela pasta de Esportes e é possível que o ex-ministro Agnelo Queiroz, derrotado na eleição para o Senado, retorne ao cargo.

Na reunião com Eduardo Campos e com o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, Lula insistiu na importância do crescimento de 5% e na formação de um conselho político no Planalto. 'Um governo só com relação congressual não se sustenta', ressalvou Campos.

Apesar das disputas rotineiras, PT, PC do B e PSB pretendem formar um 'núcleo de esquerda' dentro do governo de coalizão, na tentativa de impedir que o PMDB dê os rumos do governo. O PSB controla hoje os ministérios de Ciência e Tecnologia e Integração Nacional, pasta cobiçada pelo PMDB. Ao ser indagado sobre a possibilidade de o deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) ir para a Saúde, Campos foi evasivo. 'Não sei. Essa conversa está ficando perigosa', brincou.