Título: TSE descobre grampo em telefones de 3 ministros
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2006, Nacional, p. A8

Três ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tiveram seus telefones funcionais e pessoais grampeados. A descoberta foi feita por uma empresa contratada pelo TSE para fazer varreduras nos aparelhos instalados nos tribunais, nas casas dos ministros e nos seus telefones celulares.

Não há informações sobre quem efetuou o grampo e desde quando ele estava instalado. Entre os ministros que tiveram telefones grampeados está o presidente do TSE, Marco Aurélio Mello. Outro atingido pelos grampos é o vice do tribunal, Cezar Peluso. Tanto Marco Aurélio quanto Peluso também integram o Supremo Tribunal Federal (STF), principal corte de Justiça do País. O terceiro ministro a ter seus telefones grampeados foi Marcelo Ribeiro, um dos integrantes do TSE responsáveis por analisar reclamações contestando propagandas de candidatos à Presidência da República.

'Mais uma vez ficamos estarrecidos. Se o grampo partiu de particulares, merece condenação. Se partiu do Estado, merece excomunhão maior e apenas revela a quadra que estamos vivendo', disse o presidente Marco Aurélio. Ele pretende comunicar o fato à presidente do STF, Ellen Gracie, e ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para que tomem providências.

Em entrevista coletiva, às 9 horas de hoje, o diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura Filho, deverá dar mais detalhes do episódio. Ao longo da semana, o TSE deverá julgar recursos de políticos excluídos da eleição por responderem a processos judiciais ou por serem investigados em inquéritos que estão no STF. Entre esses políticos estão os suspeitos de envolvimento com os esquemas sanguessuga e do mensalão. A expectativa é que o TSE derrube essas proibições, visto que, segundo a lei, uma pessoa só é considerada inelegível após decisão definitiva da Justiça.

No cargo desde maio deste ano, Marco Aurélio tem feito declarações polêmicas. Ao tomar posse, prometeu rigor com os políticos que cometem irregularidades e disse que o Brasil se transformou no país do 'faz-de-conta': 'Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam', disse então.