Título: Fundos investem mais em empresas
Autor: Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/09/2006, Economia, p. B11

Os fundos de pensão podem ampliar seus investimentos em empresas (renda variável) em cerca de R$ 100 bilhões num prazo de cinco a dez anos, dependendo de quando a taxa de juros cair 'para um nível normal'. A previsão é do economista Paulo Rabello de Castro, da SR Rating. O dinheiro viria de parte das aplicações em renda fixa dessas fundações de previdência, que hoje estão principalmente em títulos públicos.

Rabello mostrou no seminário 'Fundos de Pensão: Impactos nos Cenários Econômico, Previdenciário e Social' que, dos R$ 321 bilhões em investimentos dos fundos de pensão, cerca de 60% estão em renda fixa, mais 30% em renda variável e 10% em outras aplicações. 'Com a queda dos juros, a tendência é inverter para 60% de renda variável e 30% de renda fixa', afirmou.

O atual processo de redução de juros já está fazendo algum efeito. 'No fim de 2002, tínhamos 75,7% em renda fixa e hoje temos 67%', disse o presidente da fundação de previdência dos funcionários da Petrobrás (Petros), Wagner Pinheiro. O fundo está aplicando mais em empresas, não só por meio de ações, mas também por formas como fundos de investimentos em participações em diversos setores de infra-estrutura. Há também interesse nas parcerias público-privadas (PPP).

A ressalva da Petros é quanto às telecomunicações. Pinheiro reafirmou que os fundos querem vender seus investimentos no setor e negou que haja intenção de comprar a TIM. O atual problema é que a Brasil Telecom Celular (BrT GSM) - da qual a Petros e outros fundos participam do controle - está para sofrer uma intervenção da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A Telecom Italia, sócia dos fundos na BrT GSM, é dona também da TIM e está acabando o prazo que a empresa italiana tem para permanecer nas duas. Na semana passada, a Telecom Italia anunciou sua reestruturação e seu presidente, Marco Tronchetti, renunciou. O presidente do fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ), Sérgio Rosa, espera que a Anatel adie o prazo.