Título: 'São 60 milhões que de alguma forma toleram a corrupção'
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2006, Nacional, p. A10

Vamos dizer que são 60 milhões de pessoas que de alguma forma toleram a corrupção. Vão reeleger o governo e é claro que sabem o que aconteceu. Seus motivos variam. Os pobres recebem o Bolsa Família. Acho difícil julgar essa situação. Há um sentimento de gratidão, que nobre. Eles acham que todos os políticos são iguais e para eles esse presidente - porque a Bolsa é do presidente, não é do governo - dá o que precisam. Outras pessoas são ideológicas. Acham que os fins justificam os meios e que a vitória da esquerda é a vitória do bem. E por fim temos um grande de gente que é corrupta. Se fossem políticos, estariam aqui, fazendo negociatas. É o pessoal da lei do Gerson. Passam a vida inteira dando golpes, tentando se aproveitar. São desonestos em qualquer lugar e acham que a política é para enriquecer.

O PT E A CORRUPÇÃO

O PT representava um freio. Se achava que o PT não fazia essas coisas. Quando se viu que isso não era verdade, a coisa se desmoralizou de vez. José Dirceu é a grande decepção para mim. Parecia sério. Não se locupletou, mas organizou tudo.

O IMPEACHMENT DE LULA

O presidente foi conivente. Mas o impeachment é um processo político e não haveria apoio popular sem provas . O impeachment do Collor ocorreu por causa do Fiat Elba (carro usado por Collor comprado pelo esquema de PC Farias). Isso convenceu o povo. Se o impeachment fosse tentado contra o Lula, sem provas, haveria resistência popular.

O GOVERNO FHC

Sou um caso raríssimo de senador que deixa o governo e se transfere para a oposição. Sempre fui contra a reeleição de FHC. Logo fui considerado criador de caso e começaram a procurar pessoas que eu poderia ter nomeado no governo. Não acharam ninguém. Quando assumi uma vaga no senado, fui procurado em meu gabinete por um deputado do meu Estado. Ele queria que eu indicasse uma lista de nomes. Recusei. Expliquei que ninguém iria pegar neste meu pulso magro.