Título: Consumidor muda hábitos com preços estáveis
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/09/2006, Economia, p. B1

O hábito da compra mensal no supermercado permanece, mas com os preços estabilizados, Soraia Simões, 38 anos, leva o essencial para a família, ela o marido e dois filhos pequenos. "Uma vez por mês compro o básico, arroz, feijão, óleo, produtos de limpeza, mas não faço mais estoques como antigamente. Durante a semana, vou comprando o que é preciso para o dia a dia."

Proprietária, com o marido de duas lojas de material de construção, ela diz perceber claramente que nos últimos meses os preços estão estáveis ou em queda e não apenas nos supermercados. "Na área de material de construção está mais fácil negociar com os fornecedores porque os preços caíram bastante e a concorrência é grande". O cenário é muito diferente da época da inflação alta, lembra, quando vivia a experiência "dos reajustes semanais". Hoje, observa, só pesquisa preços para comprar produtos de valor elevado, como eletrodomésticos. "Ficou também um pouco mais fácil planejar. Estou construindo uma casa para alugar e ter uma renda extra."

O corretor de seguros e músico Maurício Ayub Moregola, 37 anos, casado e com uma filha de dois anos, tem outra visão. "A inflação está baixa, mas o poder de compra, infelizmente, caiu", diz. "No ano passado, consegui poupar para ter um laptop, mas agora está difícil. Sem inflação, calculo melhor as despesas, mas sobra pouco para guardar."

No supermercado, ele e a mulher, com uma filha de dois anos, têm gastos maiores com supérfluos. "Levo mais salgadinhos, doces, cereais, pratos congelados. Noto também que em alguns meses, mesmo com deflação, os preços não caem, ficam estáveis," diz. Por isso não estoca produtos. "Não vale a pena."

Moregola lembra o que significava perder uma oportunidade de compra quando os preços disparavam. "Uma vez, antes de 1994, adiei a compra de um contrabaixo e uma semana depois o preço subiu tanto que não dava para comprar. Hoje é mais difícil isso acontecer."