Título: Empresas vão pagar dívida da campanha de Lula
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2006, Nacional, p. A11
O tesoureiro de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José de Filippi Júnior, revelou ontem ao Estado que o PT está conseguindo doações de várias empresas para cobrir o rombo de cerca de R$ 10 milhões que restou da vitoriosa campanha presidencial petista. Apesar de já estar concluído o prazo para a arrecadação de recursos eleitorais, a nova onda de contribuições está sendo concentrada no próprio partido, que assumiu o déficit da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
Segundo Filippi, a expectativa é de que boa parte do problema seja resolvida antes do fim do ano: 'Vamos tentar não deixar quase nada dos R$ 10 milhões até final de dezembro', afirmou o tesoureiro, que participou de um seminário promovido em São Paulo pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
O tesoureiro adiantou que cerca de R$ 2 milhões já entraram nos cofres do PT. Ele avalia que, no total, será possível arrecadar pelo menos R$ 5 milhões.
Nesse total, estão incluídos R$ 250 mil que devem entrar no caixa do PT nos próximos dias provenientes de uma empresa que estava preocupada com o 13º salário dos funcionários. Só concordou em fazer a doação após pagar os empregados.
Filippi - que também é prefeito de Diadema, no ABCD paulista - acrescentou que diversos setores do PT começaram a mobilizar suas bases para apressar a arrecadação. Além de conversar com empresários, ele próprio e outros prefeitos têm promovido eventos com a militância para estimular doações.
SEM PRAZO
Pelas regras eleitorais, as doações para cobrir dívidas de campanha só podem ser feitas dentro de um prazo de 30 dias após a eleição. Mas, a partir do momento em que os partidos assumem o rombo, a situação muda, de acordo com o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Fernando Neves. Segundo ele, PT pode receber doações, desde que não sejam feitas ao candidato ou a seu comitê financeiro, que já prestaram contas à Justiça Eleitoral.
Filippi, que retomou as funções na administração de Diadema, informou que o trabalho de arrecadação está sob comando do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira. Segundo ele, essa estratégia deverá inclusive facilitar o trabalho de Ferreira no comando das finanças do PT, que, com o déficit de campanha, passa a ter uma dívida de cerca de R$ 40 milhões. Procurado pelo Estado, Ferreira não foi encontrado para comentar o assunto.