Título: LSD nos soldados e charuto envenenado para Fidel
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/12/2006, Internacional, p. A24

A CIA e o Exército americano têm uma longa história de pesquisas de armas não tradicionais. Nos anos 60, a CIA testou LSD e mescalina em centenas de soldados americanos, para verificar se as drogas poderiam ajudar em programas de lavagem cerebral de prisioneiros de guerra.

Os americanos queriam determinar a eficácia dessas drogas em interrogatórios de prisioneiros e como armas não-letais para desorientar exércitos. Em 1953, um paciente hospitalizado por depressão morreu durante um estudo do Exército, ao qual ele não tinha dado consentimento. Um dos idealizadores desses estudos foi o espião Sidney Gottlieb, que supervisionava experiências de controle da mente, à frente do célebre Projeto MK-Ultra. O espião, que era químico, esteve envolvido em planos da CIA para assassinar Fidel Castro com um charuto envenenado e com um marisco explosivo. Também se atribuem a Gottlieb os planos de usar um spray de LSD no estúdio de TV de Fidel e pôr tálio nos sapatos do ditador, para que sua barba caísse.

Gottlieb também teria idealizado um plano em 1960 para matar o então premiê do Congo, Patrice Lumumba, com pasta de dente envenenada. O plano fracassou porque o espião que deveria trocar as pastas de dente se recusou a cumprir as ordens e saiu da CIA. A parapsicologia também foi explorada pelos Estados Unidos. Em 1963, o Departamento de Defesa realizou sua primeira Conferência Mundial de Operações Psicológicas, que abordou parapsicologia, táticas para disseminar medo e estresse nas forças inimigas e explorar diferenças psicológicas entre raças. O investimento em armas não tradicionais veio em resposta às técnicas chinesas e soviéticas de interrogatório, que combinavam a tática de explorar fraquezas usando pressão psicológica e tortura física. Armas psicológicas foram usadas também em Guantánamo. Segundo Jonathan Moreno, o histórico médico dos prisioneiros foi analisado para determinar possíveis problemas psicológicos que pudessem ser aproveitados nos interrogatórios. A idéia era determinar a vulnerabilidade de prisioneiros ao stress, incluindo comentários de cunho sexual e desprezo a símbolos islâmicos, como o Alcorão.