Título: Conflito já matou mais que o 11/9
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/12/2006, Internacional, p. A8
Com a morte de mais seis soldados dos EUA durante o Natal, o número de americanos mortos no Iraque superou o de vítimas nos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. Segundo uma contagem feita pela agência de notícias Associated Press, desde o início do conflito - em março de 2003 - 2.978 militares dos EUA foram mortos. São cinco americanos a mais do que as vítimas dos atentados, quando 2.973 pessoas morreram em Nova York, Washington e na Pensilvânia.
O Exército dos EUA reconhece a morte de 2.977 militares no conflito. Entre as vítimas iraquianas, estudos estimam que já foram mortos entre 4.900 e 6.375 militares e entre 51.814 and 57.368 civis.
A notícia das baixas americanas chega em um momento complicado para a administração do presidente George W. Bush, que está repensando a estratégia para vencer a guerra e minimizar os custos humanos e financeiros.
Bush deverá permanecer até o Réveillon em seu rancho em Crawford, no Texas, analisando a situação iraquiana. Na antevéspera de Natal, ele recebeu o novo secretário de Defesa, Robert Gates, recém-chegado de uma visita ao Iraque. Gates preparou um relatório com sugestões de mudanças estratégicas para o conflito. Amanhã, Bush se reunirá - pela segunda vez em três dias - com sua equipe de segurança nacional. Entre os presentes estarão a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o assessor de Segurança Nacional, Stephen Hadley.
Bush assegura que a invasão do Iraque fazia parte das medidas adotadas pelos EUA após o 11 de Setembro para evitar novas ameaças terroristas. Outras estratégias incluíam derrubar o grupo terrorista Taleban do poder no Afeganistão e perseguir membros da Al-Qaeda.
Até hoje, porém, não foram apresentadas evidências que provem a ligação entre o regime do ex-ditador Saddam Hussein e os atentados de 11 de Setembro. Além disso, as armas de destruição em massa, usadas por Bush como justificativa para invasão, jamais foram encontradas.
Depois dos americanos e dos próprios iraquianos, a Grã-Bretanha é o país que mais sofreu baixas no Iraque, com 126 mortes. Em seguida, vêm a Itália (com 33 vítimas); Ucrânia (18); Polônia (18); Bulgária (13); Espanha (11); Dinamarca (6); El Salvador (5); Eslováquia (5); Eslováquia (4); Estônia, Holanda e Tailândia (2 cada) e Austrália, Hungria, Casaquistão, Letônia e Romênia (1 cada).
EXPLOSÕES Mais de 60 pessoas foram mortas no Iraque ontem. Em Bagdá, três ataques coordenados deixaram 25 mortos. Em outro atentado, um carro-bomba explodiu próximo a uma mesquita ao norte da capital matando outros 17 iraquianos e deixando 35 feridos. Numa estrada próxima a Kirkuk, a 290 quilômetros ao norte de Bagdá, a explosão de uma bomba matou três civis, incluindo uma menina de 8 anos.