Título: Tecnologia deve reduzir tempo e distâncias
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/12/2006, Economia, p. B1

A cada 30 minutos, em média, um trem com pelo menos 132 vagões passa pela estação Brisamar, no município sul fluminense de Itaguaí. Por dia, são em torno de 42 viagens de ida e volta, num trecho de 31 quilômetros percorridos pela reportagem do Estado. Ano que vem, quando toda essa distância deverá estar duplicada, espera-se que o tempo de passagem se aproxime da meta de até 10 minutos, melhorando a produtividade da MRS Logística, concessionária dessa parte da ferrovia que interliga o Rio com Minas Gerais e São Paulo.

¿Agora é realidade. Com tecnologia, teremos a ferrovia do século 22¿, exagera Silvério Pereira José, de 44 anos, funcionário do controle de tráfego da MRS. Segundo ele, que tem 23 anos de ferrovia, dos quais 10 na MRS, o panorama será totalmente diferente do vivido na época da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).

¿Agora teremos mais segurança e vamos agilizar o fluxo dos trens¿, concorda Sidney Rosa de Oliveira, de 49 anos, 28 dos quais no setor ferroviário. Ele é analista de movimento de trem da MRS há 10 anos.

Dezenas de trabalhadores participavam das obras de duplicação do trecho fluminense da ferrovia da MRS, no dia 13 de dezembro. Terraplenagem, nivelamento dos trilhos e construção de pontes eram alguns dos serviços que estavam sendo feitos.

Numa distância de 11 quilômetros que já está 99% concluída, chamou a atenção a presença de moradores, principalmente crianças, nos trilhos que estão quase prontos. Apesar disso, o supervisão de manutenção de via da MRS, José Eduardo Ferreira Guedes, de 41 anos, diz que nunca houve acidente. O trecho deverá ser inaugurado em julho de 2007, prevê o coordenador de projetos da MRS, Cláudio Carneiro Goretti.

Segundo o presidente da MRS, Julio Fontana Neto, essas obras fazem parte de um investimento de até R$ 1,4 bilhão para a duplicação do trecho de cerca de 35 quilômetros que liga Volta Redonda a Barra do Piraí, ambas no sul fluminense. As obras deverão estar concluídas em 2008.

A situação da MRS contrasta com o atual panorama da ferrovia Novoeste, que liga São Paulo a Mato Grosso do Sul. Segundo estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Novoeste ¿apresenta déficits operacionais recorrentes em função de sua baixa produtividade¿. ¿A malha e seu material rodante encontra-se em situação bastante precária.¿

A concessionária Novoeste foi adquirida pela ALL em junho de 2006. A reportagem pediu autorização para visitar a ferrovia, mas a empresa informou que ¿infelizmente não seria possível nesta semana¿. O diretor financeiro da ALL, Sergio Pedreira, diz que há estruturas em situação melhor ou pior, mas garante que investirá na ¿recuperação gradual¿.