Título: Desgaste com reajuste faz Aldo buscar apoio de Lula
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2006, Nacional, p. A6

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), formalizou ontem sua candidatura à reeleição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A iniciativa é uma tentativa de reverter o avanço da candidatura de seu adversário, o petista Arlindo Chinaglia (SP), a partir do desgaste que Aldo sofreu com a polêmica do reajuste salarial dos parlamentares.

Nos últimos dias, os aliados do presidente da Câmara avaliavam que Chinaglia estaria passando uma imagem equivocada a Lula de que tinha o apoio dos partidos da base. Deputados do PC do B, do PSB, do PL, do PP e do PTB que querem a reeleição ponderaram a necessidade de lançar oficialmente a candidatura para barrar o crescimento do petista.

Aliados de Aldo avaliaram que ele ficou fragilizado com a defesa do salário de R$ 24.500 para os parlamentares. Já os partidários de Chinaglia acham que ele conseguiu conquistar apoios no PMDB com o compromisso assinado de dividir os próximos quatro anos do comando da Câmara com o partido e com a promessa de ceder cargos na Mesa aos peemedebistas.

'Aldo terá de reunir os amigos e planejar este mês de janeiro. Ele continua sendo nosso candidato', afirmou o deputado Renato Casagrande (PSB-ES), um dos articuladores de sua reeleição. A candidatura de Chinaglia, contudo, ganhou fôlego nesta semana com o apoio de um grupo de deputados do chamado Movimento Câmara Forte - o mesmo que tentou eleger em 2005 o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), abrindo caminho para a eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE).

O compromisso do PT em dividir o comando da Câmara com o PMDB foi defendido pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. 'A proposta que o PT fez é madura. Se o PMDB receber a correspondência e entender que 80%, 90% de sua bancada está mais com o Arlindo do que com o Aldo, isso já sinaliza quem é que pode ter maioria', disse Tarso.

Enquanto o episódio do supersalário virou uma ameaça para um novo mandato de Aldo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), é cada vez mais favorito para a reeleição. Em 24 horas, o candidato da oposição , José Agripino (PFL-RN), teve de amargar não só a adesão oficial do PDT à candidatura de Renan, como também a declaração de apoio do PSB ao rival.

Por enquanto, Agripino se mantém na disputa. 'Enquanto tiver o apoio numérico que eu conheço do PFL e do PSDB, e o amparo das conversas que estou tendo, minha candidatura tem chance real de êxito', insistiu.