Título: EUA reduzem ajuda para a Bolívia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2006, Internacional, p. A15
O governo americano informou na quarta-feira à noite que reduzirá em 25% - de US$ 45 milhões para US$ 33,8 milhões - a ajuda antidrogas a Bolívia. O anúncio, feito pelo embaixador dos EUA em La Paz, Philip Goldberg, ocorre dois dias depois de o presidente boliviano, Evo Morales, ter divulgado um plano de ampliar de 12.000 para 20.000 hectares a área destinada para o cultivo legal da folha de coca no país - sob a alegação de que a colheita dos 8.000 hectares excedentes será utilizada para a fabricação de xampus, farinha, tecidos e outros produtos industrializados.
Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Gonzalo Gallegos, no entanto, afirmou que a redução da ajuda não está vinculada ao anúncio da ampliação dos cultivos da planta de coca - principal insumo para a produção de cocaína. 'Esta foi uma decisão tomada já há vários meses', disse Gallegos.'
O embaixador Goldberg afirmou que a ajuda prevista para 2007 foi considerada 'suficiente' para financiar os programas antidrogas que a Bolívia empreende atualmente. Mas ressaltou que 'os EUA pedem políticas que reduzam, e não que aumentem, o cultivo da folha de coca'. 'Ninguém se opõe ao uso tradicional (da coca, pelos indígenas da Bolívia), mas o fato simples é que a coca excedente sempre se converterá em cocaína', disse Goldberg.
CRISE POLÍTICA
Também ontem o governo e a oposição da Bolívia concordaram em debater duas questões que se converteram no principal combustível da crise política que paralisa o governo de Evo: a reivindicação de autonomia por parte de quatro departamentos (Estados) e o sistema de votação da Assembléia Constituinte, instalada em Sucre. O porta-voz do governo, Alex Contreras, disse ontem que a data e o local da reunião - da qual devem participar todos os governadores e líderes cívicos dos nove departamentos - ainda não foram fixados. Mas confirmou que os governistas se dispõem a negociar tanto a concessão de autonomia administrativa e fiscal aos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando quanto as regras da Constituinte. O partido do governo, Movimento ao Socialismo (MAS), havia aprovado a votação dos artigos da futura Constituição por maioria de 50% mais 1. A oposição insiste na exigência que a aprovação se dê por maioria de dois terços.