Título: Queda é indicador positivo para executivos
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2006, Economia, p. B1

Há consenso entre os executivos de grandes empresas de que a redução de 0,35 ponto porcentual na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) é um indicador positivo do governo na direção da retomada da rota de crescimento para a economia do País. 'É um sinal no sentido correto', diz Pedro Martins da Silva, diretor de Relações Externas da Procter & Gamble do Brasil. 'Mas é ainda um sinal tímido para promover investimentos de longo prazo, em particular os investimentos produtivos com enfoque em uma efetiva política industrial tão importante para o futuro do País.'

A interpretação de Martins da Silva é similar a do vice-presidente jurídico da PepsiCo do Brasil, José Talarico, para quem a medida é pontual. 'O aumento dos investimentos vai depender de um contexto maior', diz ele. 'A definição do novo ministério em Brasília, a composição política com que o governo vai trabalhar nos próximos quatro anos e as prioridades em relação às políticas industriais são mais relevantes para as estratégias das empresas neste momento. É prematuro apostar em uma onda de investimentos apenas com essa medida pontual.'

Quase todos os homens de negócios ouvidos demonstram cautela neste momento, apesar do otimismo que a redução de taxas de juros, em geral, sempre promove no universo empresarial.

Executivos que vivem o dia-a-dia no comando das operações insistem em que outras medidas devem ser tomadas pelo governo para estimular os negócios. 'O que ajudaria mesmo era um plano com claros passos, metas e medições em cada etapa para se acompanhar a redução dos gastos do governo', pondera Fernando Tigre, que presidiu importantes companhias e hoje é consultor.

Sem medidas que restrinjam gastos, na opinião de Tigre, o País seguirá convivendo com um crescimento irrisório, em torno de 3% ao ano. 'Precisamos crescer 5% para permitir absorver o contingente de jovens que entram no mercado de trabalho, que se formam em universidades e não encontram emprego.'

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que a nova TJLP já se aproxima das taxas internacionais e torna mais competitivos os investimentos das empresas brasileiras. 'A redução no custo do capital é essencial para estimular o investimento produtivo e a única maneira de crescer de forma expressiva.'