Título: Taxa de Juros de Longo Prazo cai a 6,5% e é a menor desde sua criação
Autor: Fernandes, Adriana e Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/12/2006, Economia, p. B1

Para estimular o aumento dos investimentos em 2007, o governo anunciou ontem a quinta redução consecutiva da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu cortar em 0,35 ponto porcentual a taxa, que caiu de 6,85% para 6,5% ao ano, batendo uma nova mínima histórica desde a sua criação, em 1994. O novo porcentual da TJLP - que remunera os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos do setor produtivo - vai vigorar de janeiro a março de 2007.

Com a nova queda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva termina o primeiro mandato assegurando um corte total de 4,5 pontos porcentuais na TJLP. No início do governo Lula, em 2003, a taxa estava em 11%. Ela chegou a subir para 12% no mesmo ano, acompanhando o repique da inflação. Por vários trimestres consecutivos, entre 2004 e 2005, durante a gestão do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a TJLP ficou estagnada em 9,75%. Nesse período, foi grande a pressão dos empresários e de setores mais desenvolvimentistas do governo para que a equipe econômica acelerasse a redução da taxa.

O anúncio da nova TJLP foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, quando esteve na presidência do BNDES, foi um crítico feroz da política adotada pela equipe de Palocci. Desde que assumiu o comando da economia, em março deste ano, Mantega acelerou a redução da TJLP. De lá para cá, a TJLP já caiu de 8,15% para 6,5%. Ao anunciar a nova TJLP, Mantega destacou que o índice de 6,5% se aproxima das taxas de juros de investimentos dos países mais avançados.

Segundo o ministro, a diminuição da TJLP vai estimular o aumento dos investimentos no Brasil porque reduzirá o custo de financiamento das empresas, permitindo a aceleração do crescimento econômico.

Mantega disse ainda que está havendo no Brasil uma revolução no crédito, com a proliferação de instrumentos financeiros adequados ao desenvolvimento do País. Ele informou que foram registrados neste ano na Comissão Valores Mobiliários (CVM) lançamentos de R$ 120 bilhões em títulos privados emitidos para captação de recursos. Em 2004, esses registros somaram R$ 35 bilhões.

'O mercado de capitais cresce em progressão geométrica. É um crédito mais barato para as empresas brasileiras', disse o ministro, acrescentando que os menores custos estimulam o crescimento dos investimentos. A TJLP é calculada com base na previsão de inflação e no prêmio de risco cobrado pelos bancos internacionais nas operações com o Brasil. Esses valores eram divulgados pelo Ministério da Fazenda. Mas nas últimas decisões não foram anunciados.