Título: Para oposição, presidente foi autoritário
Autor: Paraguassú, Lisandra e Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2006, Nacional, p. A4

A oposição reagiu ontem à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não aceitará que o Congresso altere o valor do mínimo acordado entre o governo e as centrais sindicais. Para o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), Lula mais uma vez se comportou de maneira autoritária.

¿O presidente precisa se controlar, tomar um Lexotan, ou vai se transformar em um Chávez¿, afirmou o pefelista, referindo-se a Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que é acusado de ter atitude populista e passar por cima das instituições de representação, como Congresso e partidos.

Na avaliação de Maia, Lula desrespeita o Congresso ao tentar impor sua vontade no caso do salário mínimo. O líder do PFL chamou atenção para o fato de o presidente ter insinuado que se tratará de demagogia qualquer intervenção do Congresso. ¿Quem representa a sociedade é o Parlamento. Cabe ao Congresso tomar a decisão. Ao presidente cabe o poder do veto¿, disse o líder do PFL.

Maia enfatizou que o objetivo é conseguir o maior aumento possível, tendo como meta se aproximar dos R$ 420. O pefelista desqualificou ainda o acordo do governo com as centrais sindicais. ¿Vamos votar o valor que os sindicatos propuseram antes da reunião com o presidente e não depois que ficaram fechados numa reunião com Lula, na qual ninguém sabe o que ocorreu.¿

O líder da minoria no Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que o PSDB vai tentar elevar o valor além dos R$ 380. A tendência é que acompanhe propostas do PFL mais próximas dos R$ 420. Ele criticou Lula por considerar demagogia eventual intervenção do Congresso.