Título: Sindicalistas atacam Mantega com ironia
Autor: Paraguassú, Lisandra e Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2006, Nacional, p. A4
Derrotado na mesa de negociações, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi alvo de críticas e ironias na cerimônia de assinatura do acordo da política permanente de reajuste do salário mínimo. Enquanto o presidente Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, receberam elogios dos líderes sindicais, Mantega foi atacado por ter defendido reajuste menor.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, foi irônico ao ¿agradecer¿ a participação do ministro da Fazenda nas negociações. ¿Quero cumprimentar especialmente o Guido Mantega, que durante a negociação puxou para baixo o aumento. Ele representava um pensamento e quero cumprimentar o senhor presidente pela opção tomada.¿
Depois, Paulinho voltou a atacar, dizendo que Mantega ¿saiu mal na foto¿. ¿O ministro tentou fazer uma negociação paralela no Congresso que nos deixava incomodados¿, criticou.
O presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Antonio Carlos dos Reis, arrancou risos quando disse que os números apresentados por Marinho, de previsão de arrecadação extra de R$ 2,1 bilhões com o aumento do salário mínimo, fariam Mantega sorrir. O ministro, que tem o hábito de falar com a imprensa, surpreendeu ontem e não deu entrevistas.
O presidente da Social Democracia Sindical (SDS), Enilson de Moura, o Alemão, disse que o próximo passo são as reformas. O da Nova Central Sindical dos Trabalhadores, José Calixto Ramos, afirmou que o acordo assinado ontem, que permite reajuste anual automático, não é o ideal, ¿mas foi o possível¿.
MARCHA
Mesmo com o acordo, as centrais querem continuar a fazer todo ano a marcha a Brasília em defesa do trabalhador que ganha o mínimo. Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, as centrais vão incluir outras bandeiras, como redução da jornada de trabalho, acesso à educação e qualificação profissional. ¿Não é porque temos uma política permanente do mínimo que a marcha acabou. Não vamos deixar de perseguir uma melhora nas revisões do acordo¿, disse.
Paulinho anunciou para março uma marcha pelo crescimento do País com distribuição de renda. O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Fernandes dos Santos Neto, defendeu a discussão de outras demandas, como redução dos juros. Para ele, a política de valorização do mínimo neste governo acaba com a tese de que reajustes sistemáticos causam inflação.