Título: Presidente pede candidato único com apoio do PT
Autor: Domingos, João e Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/12/2006, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a reunião de ontem no Palácio do Planalto com o Conselho Político do PT para recomendar ao partido que trabalhe em torno de um candidato à presidência da Câmara que represente o conjunto da coalizão de governo.

O PT esperava ouvir do presidente apoio formal à candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Lula, porém, escaldado pela derrota do PT para Severino Cavalcanti (PP-PE), justamente por ter apresentado dois candidatos - Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), com apoio oficial, e Virgílio Guimarães (MG), dissidente - em 2005, não quer fazer a defesa da candidatura de Chinaglia. Ele tem afirmado que é amigo de seu líder e também do atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que aspira a continuar no cargo, e que qualquer um deles será um bom candidato, desde que tenha o consenso da base.

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), que participou da reunião com Lula, disse que, na sua opinião, dentro de 10 a 15 dias poderá ser encontrado o candidato de consenso. Ele é coordenador da candidatura de Chinaglia, mas aceitaria a de Aldo, desde que o atual presidente da Câmara tenha mais condição de unir os partidos da coalizão.

Fontana lembrou que o PT propôs, por intermédio de carta do presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia, ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), que o primeiro presida a Câmara em 2007-2008 e o segundo dirija a Casa em 2009-2010. ¿Não há ainda uma decisão deles, embora eu tenha a informação de muitos integrantes do partido que defendem a candidatura de Chinaglia¿, afirmou Fontana.

O Conselho Político do PT é formado por Garcia, os vice-presidentes Maria do Rosário (RS) e Jilmar Tatto (SP) e os dirigentes Paulo Ferreira, Joaquim Soriano, Valter Pomar, Renato Simões e Glauber Piva.

ULTIMATO

O presidente conseguiu impedir que a cúpula do PT lhe desse um ultimato a respeito da garantia de espaço no governo. Diante de mais um comunicado de Lula de que só vai começar a formar o ministério no ano que vem, os petistas ficaram constrangidos e não falaram de cargos.

¿Falamos sobre a necessidade de ter um segundo mandato voltado para o desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda¿, disse Garcia. O partido até concordou - pela primeira vez, explicitamente - com a permanência de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. ¿Acho que a equipe econômica tem toda condição de tocar uma política diferente para que o Brasil cresça mais¿, disse Garcia.

Sobre eventual pedido de mais cargos, afirmou: ¿Isso aqui não é um latifúndio no qual estejamos pregando uma reforma agrária.¿ Afirmou ainda que o PT conseguiu superar os escândalos em que se viu envolvido nos últimos anos. ¿Esses escândalos não foram tão escandalosos e a população também achou que não eram.¿