Título: 'Ele está mais para Judas do que para Jesus', diz Heloísa
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2006, Nacional, p. A7

A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), criticou ontem a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na véspera se comparou a Jesus Cristo quando foi traído por Judas - era uma referência ao envolvimento de assessores próximos e petistas no escândalo da compra de dossiê contra tucanos. 'Como sou cristã e conheço muito bem a história do Evangelho, com certeza ele está mais para Judas Iscariotes ou para Pôncio Pilatos do que mesmo Jesus Cristo', afirmou, durante visita à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, onde se reuniu com universitários.

Ela acusou Lula de se 'vender' ao capital financeiro e se 'lambuzar' quando chegou ao poder, arrancando aplausos entusiasmados dos estudantes. 'Ele fala aos pobres, mas de fato governa para o capital financeiro e para os banqueiros brasileiros', disse, ao ser questionada sobre a afirmação do presidente de que a atual eleição é uma disputa da classe trabalhadora contra a 'elite aristocrática' brasileira.

Heloísa também acusou o governo Lula de 'banditismo político'. Ela também fez uma vinculação direta entre o presidente e os escândalos no Congresso. 'Não tenho dúvida de que o Congresso Nacional é bandido quando o presidente da República bandido é. Até porque a única forma de comprar mensaleiros, sanguessugas e outros delinqüentes do mundo da política é quando quem tem a chave do cofre se predispõe a fazer isso.'

A candidata novamente acusou o governo de ocultar informações sobre a origem dos recursos destinados a pagar o dossiê contra tucanos. 'Quando foi para perseguir o caseiro (Francenildo dos Santos Costa), que denunciou as orgias do dinheiro público roubado', instituições como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Banco Central 'funcionaram de forma implacável' e identificaram uma movimentação financeira atípica. 'Agora são milhões de reais e dólares e aí a legislação em vigor, o Banco Central, o Coaf, ninguém identifica absolutamente nada.'