Título: Caminho do dinheiro para dossiê só será conhecido depois da eleição
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2006, Nacional, p. A8

Só deverá ser revelada depois da eleição de domingo a origem do R$ 1,75 milhão apreendido em 15 de setembro com petistas que negociavam a compra do dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou ontem à Polícia Federal que, até agora, só conseguiu identificar a origem de R$ 25 mil do total - R$ 1,16 milhão e US$ 248,8 mil.

Segundo o Coaf, sabe-se pouco sobre de onde saiu o dinheiro e apenas sobre a parte em reais: R$ 15 mil foram sacados na agência do Bradesco da Barra Funda, em São Paulo; R$ 5 mil na agência do BankBoston da Lapa, também na capital paulista; e R$ 5 mil no Banco Safra. Foi possível identificar as agências pois os maços de notas estavam embalados em cintas. 'Estamos de mãos atadas e não nos resta alternativa senão aguardar que o rastreamento prossiga', disse policial da área de inteligência financeira da PF. Os dados foram passados em reunião entre representantes do Coaf e da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF.

O conselho também disse à PF que, numa primeira varredura, não identificou movimentação financeira atípica em nome dos petistas investigados no escândalo. O órgão recebe dos bancos registros de movimentação igual ou superior a R$ 100 mil, o que faz supor que os envolvidos se preocuparam em efetuar saques pequenos para não despertar suspeitas.

A esperança da PF e do Ministério Público é que o petista Valdebran Padilha colabore. Preso no dia 15, ele será de novo interrogado, hoje, em Cuiabá, pelo delegado Diógenes Curado e pelo procurador Mário Lúcio Avelar. Ele intermediou negociação para compra do dossiê em encontros com Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam e chefe da máfia dos sanguessugas.

A PF enviou ontem à Justiça pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de personagens do caso, como do ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso, do ex-chefe da área de inteligência do PT Jorge Lorenzetti e do ex-funcionário do Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas. Os três depuseram na sexta e aparentemente combinaram as falas, visando blindar o Planalto e evitar que o presidente Lula seja atingido, segundo Avelar.

Ao mesmo tempo, a polícia espera para os próximos dias dados de autoridades americanas sobre a origem dos dólares.