Título: Lula promete priorizar infra-estrutura e educação
Autor: Domingos, João e Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2006, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que no seu segundo mandato dará prioridade total para os investimentos privados e públicos em infra-estrutura, desoneração do setor produtivo e educação.

Ele afirmou que o pacote com medidas destinadas a ¿destravar¿ o desenvolvimento do País deverá ser divulgado na segunda quinzena de janeiro e que não o fez na quinta-feira passada por causa do Natal. ¿Ninguém está interessado em pacote econômico, mas nos pacotes de presentes¿, disse o presidente. Na verdade, Lula não anunciou o pacote porque achou que não estava bom, revelou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, também na quinta. O próprio Lula admitiu ontem, na conversa com os jornalistas, que é preciso aprofundar mais as medidas.

Lula tem procurado evitar a divulgação de pontos do pacote, mas ontem acabou anunciando alguns. Disse que sua intenção é modernizar os portos, ¿desde a administração até a dragagem¿, consertar estradas e construir novas rodovias, fazer aeroportos industriais, onde serão instaladas empresas com regimes especiais de tributação voltadas para a exportação. ¿Vamos construir hidrelétricas, termoelétricas e 4,7 mil quilômetros de gasodutos.¿

O presidente informou ainda que pretende instituir uma política especial para o Norte e o Nordeste, mas dará atenção especial também ao Rio Grande do Sul. ¿Durante muitos anos foi um dos Estados mais adiantados, mas hoje passa por um refluxo. O governo federal vai investir muito lá.¿ Lembrou que já levou um estaleiro para o Rio Grande do Sul, que vai duplicar a BR-101 Sul e ampliará a Usina de Candiota.

Lula disse que hoje é muito mais ¿consciente¿ das questões administrativas, sabe onde as coisas estão emperradas e onde é preciso desemperrar. ¿Elas são travadas por leis, por pessoas que não querem sair da rotina e pela burocracia.¿ Como exemplo, disse que 34 obras do governo federal estão paradas por causa do ¿órgão ambiental¿ do Rio de Janeiro. Disse que o governador eleito do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), prometeu que isso vai mudar.

Ao ser perguntado se repetirá algum ponto do primeiro mandato, afirmou: ¿Como no futebol, não há dois jogos iguais.¿ Disse que no primeiro mandato estabilizou a economia, controlou a inflação e conseguiu aumentar as exportações.

Afirmou que a situação do País é confortável e lembrou que, na semana passada, depois que a Tailândia enfrentou uma crise financeira, a Bolsa de Tóquio caiu 15 pontos, mas no mesmo dia o risco Brasil ficou abaixo dos 199 pontos (ontem caiu para 195 pontos, o menor já registrado) e a bolsa brasileira ficou ¿tranqüilíssima¿ (há oito anos, outra crise financeira da Tailândia contaminou a economia brasileira provocando problemas nas contas do País). O presidente disse que combinou com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que eles tomariam champanhe quando o risco Brasil caísse abaixo de 200 pontos. ¿Ainda não tomamos o champanhe, mas agora já está na hora.¿

Lula disse que espera crescimento econômico para o ano que vem superior a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas não quis cravar um número.