Título: Para Fiocca, nível atual da TJLP atrai investimento
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/12/2006, Economia, p. B3
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, declarou ao Estado que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), reduzida quinta-feira de 6,85% para 6,5% ao ano, chegou a um patamar em que é desnecessário projetar novas quedas em 2007 como justificativa para atração de novos investimentos.¿Não precisa nem especular sobre o futuro desse movimento. A taxa, se apenas mantida, já está num nível real de 2%. É realmente um nível estimulador do investimento¿, disse.
Ele adiantou que, este ano, o BNDES pode não chegar aos R$ 60 bilhões previstos no fim de 2005, mas chegará perto disso. O resultado será oficialmente divulgado no início de janeiro, mas Fiocca lembrou que o acumulado de desembolsos até novembro é de R$ 47 bilhões, com uma taxa de crescimento médio no ano de 5%. ¿Acredito que vamos ultrapassar os R$ 50 bilhões. Temos tido boas notícias e as empresas têm interesse de concretizar desembolsos antes do fechamento do ano¿, disse, acrescentando que houve este ano no banco, ¿trabalho para acelerar os desembolsos¿.
Segundo ele, não há no banco um cálculo econométrico que defina quanto cada corte de 0,1 ponto porcentual na TJLP se traduz em valores de novos financiamentos. Mas, disse ter certeza de que o impacto da redução decidida pelo Comitê de Política Monetária ¿é positivo e relevante, mesmo sendo de 0,35 pontos porcentuais¿.
¿Dá um sinal importante para o setor privado de que o governo federal está realmente apoiando a aceleração dos investimentos no País. Não pelo valor dessa redução, mas pela trajetória desenvolvida pela TJLP ao longo das últimas quatro decisões¿, afirmou. Este ano, a taxa, revista trimestralmente, caiu a cada nova reunião do CMN, depois de 21 meses estacionada em 9,75%, e chegou a seu mais baixo patamar desde a criação, no fim de 1994.
Fiocca lembrou que a taxa, referência para os empréstimos do BNDES, já teve períodos de baixa real. ¿Chegou a ficar até negativa quando a inflação estourou, em certos momentos, mas, num ambiente de estabilidade, realmente atingimos um nível muito bom¿.
Sem concordar em falar sobre o seu futuro no governo, Fiocca afirmou que em 2007 o BNDES irá manter o perfil de executor de políticas públicas. Disse estar participando das discussões sobre o pacote que será anunciado pelo governo em janeiro, com o objetivo de acelerar o crescimento econômico. ¿Estamos ajudando principalmente na área de infra-estrutura, mas não posso adiantar nada sobre as medidas, que serão anunciadas em conjunto¿, desconversou.
Segundo Fiocca, a perspectiva é de que os investimentos em infra-estrutura atinjam, entre 2007 e 2010, R$ 197,9 bilhões, em projetos nos segmentos de energia elétrica, comunicações, saneamento, ferrovias e portos. O cálculo foi feito com base em levantamentos sobre intenção de investimentos de associações de empresas e em projetos ainda em análise. Os setores com maiores previsões de aumento de investimentos são saneamento (18,5% de crescimento ao ano) e energia elétrica (16,6%). As operações de financiamento já aprovadas este ano já chegaram a R$ 66 bilhões, depois de uma média de R$ 40 bilhões em 2002, 2003 e 2004 e crescimento para R$ 54 bilhões ano passado.