Título: Edemar consegue habeas-corpus e é libertado
Autor: Menocchi, Simone
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/12/2006, Economia, p. B4

Em carros separados, o ex-controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, e o filho Rodrigo Cid Ferreira deixaram ontem, por volta das 16 horas, a Penitenciária José Augusto César Salgado, a P2 de Tremembé, no Vale do Paraíba. O ex-banqueiro e o filho foram detidos no dia 12. Os dois, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, ficaram presos na mesma cela do presídio de segurança máxima.

Edemar foi condenado, no dia 11, em primeira instância, a 21 anos de prisão pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro por organização criminosa, fraude com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), formação de quadrilha e gestão fraudulenta. No mesmo processo, o filho dele pegou 16 anos de cadeia.

O habeas-corpus foi concedido pela ministra Ellen Gracie, presidente do Superior Tribunal Federal (STF). ¿Foi uma decisão extremamente correta. O réu só pode ser recolhido depois de o processo ser finalizado ou se oferecer risco para a sociedade¿, disse o advogado de Edemar, Sérgio Bermudes.

O advogado criticou a decisão da Justiça de transformar a mansão de Edemar em museu. ¿É um ato inominável, vai entrar para as crônicas dos absurdos forenses.¿

Edemar e Rodrigo passaram pelo Centro de Detenção Provisória de Guarulhos antes de serem levados para Tremembé, onde tiveram de se enquadrar no sistema prisional. Vestiram uniformes laranja e marrom claro e trabalharam na lavanderia do presídio. Edemar já havia passado 88 dias na P2, de onde saiu em 23 de agosto.

Na semana que antecedeu o Natal, pai e filho ajudaram a montar um presépio e a organizar as comemorações na unidade nos dias 23 e 24. Alguns parentes puderam comemorar o Natal ao lado deles e participar de um almoço especial. O advogado não informou onde a família vai passar o ano-novo.

Na unidade também estão presos o filho de Pelé, Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, e os irmãos Cravinhos, que mataram o casal Richthofen. A penitenciária se tornou uma exceção no sistema prisional de São Paulo. Não há superlotação, são apenas 300 presos.