Título: Lula atinge índice de aprovação semelhante ao que tinha em 2003
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2006, Nacional, p. A4
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao seu nível mais alto de popularidade, registrado no início do mandato. A duas semanas de iniciar seu segundo governo, ele alcançou avaliação semelhante à de março de 2003. Em pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, a aprovação a Lula atingiu 71%, aproximando-se dos 75% de quanto tinha três meses no poder e se distanciando dos 42% de dezembro de 2005, auge do escândalo do mensalão. Desde setembro, pouco antes do primeiro turno, Lula ganhou 9 pontos porcentuais de aprovação.
A desaprovação caiu a 23% - era 13% em março de 2003 e 52% em dezembro de 2005. Em dezembro de 1998, a aprovação do governo Fernando Henrique Cardoso, então recém-reeleito, era de 58% e a desaprovação, de 37%. Menos de dois meses após o segundo turno das eleições, a avaliação positiva (somando ótimo e bom) atingiu inéditos 57% (51% em março de 2003 e 29% em dezembro passado) e a negativa (ruim mais péssimo) chegou a 13% (7% em março de 2003 e 32% no fim de 2005). Tanto em março de 2003 como agora, a avaliação positiva supera a negativa em 44 pontos; no auge do mensalão, o saldo era de 10 pontos negativos.
Os que dizem confiar no presidente são agora 68% (eram 76% em março de 2003); em setembro passado, esse índice foi 10 pontos porcentuais menor. Os que dizem não confiar em Lula são 28% (contra 19% em março de 2003). Há três meses, esse índice era 10 pontos porcentuais maior. A nota média que o eleitor dá para o governo é 7,0, contra 6,8 em março de 2003 e 5,4 no final do ano passado.
RAZÕES DO VOTO
A pesquisa indica as razões do eleitorado para reeleger o presidente: 57% dizem esperar que o segundo governo Lula será melhor do que o primeiro (Lula foi reeleito no segundo turno com 60,83% dos votos válidos) e só 11% dizem esperar um governo pior. Os segmentos de menor escolaridade e o eleitorado do Nordeste, que deram o mais expressivo apoio a Lula nas eleições, agora são também os que revelam expectativa mais otimista com o segundo mandato. Entre os que têm até a 4ª série do ensino fundamental, 59% acham que o novo governo será melhor que o primeiro, contra apenas 49% dos que têm ensino superior; no Nordeste, 64% pensam que o segundo governo será melhor, contra 54% do Sudeste.
Depois de manifestar apoio expressivo, a população sinaliza para Lula que as suas prioridades mudaram muito após quatro anos. As novas prioridades apontadas pelos entrevistados pelo Ibope são saúde (52%), seguida por desemprego (39%), educação e combate à violência (26%), combate à fome (16%) e combate à corrupção (10%). Há quatro anos, a ordem era outra: desemprego (48%), combate à fome (34%), saúde (27%), combate à violência (25%) e educação (15%).
No inventário da aprovação da sociedade, o primeiro governo Lula chega ao seu final com o registro de dois momentos de baixa popularidade: o primeiro foi em junho de 2004 e o segundo, em dezembro de 2005, depois de meses de desgaste provocado pelo escândalo do mensalão. Na pesquisa CNI/Ibope de dezembro de 2005, só 42% disseram aprovar o governo e 53% responderam que não confiavam no presidente.
Para a pesquisa divulgada ontem, o Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 140 municípios, entre os dias 7 e 10 de dezembro.