Título: Violência no Iraque atinge pior nível, diz Pentágono
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/2006, Internacional, p. A13
De 12 de agosto a 10 de novembro ocorreram em média 959 ataques de insurgentes por semana no Iraque, 22% a mais que a média dos três meses anteriores, segundo um relatório divulgado ontem pelo Pentágono. É o maior nível de violência já registrado. O documento aponta a milícia xiita do clérigo Moqtada al-Sadr, o Exército Mehdi, como o grupo mais prejudicial à segurança iraquiana e o maior impulsionador da violência sectária. Mais de 50 mil iraquianos e quase 3 mil soldados americanos já morreram no Iraque desde 2003.
A divulgação do relatório coincidiu com a posse do ex-diretor da CIA Robert Gates como secretário de Defesa dos EUA. Ao assumir o cargo numa cerimônia no Pentágono, ele ressaltou que sua prioridade será o conflito iraquiano: ¿Um fracasso no Iraque seria uma calamidade para nós. Algo que iria perseguir nossa nação, prejudicar nossa credibilidade e colocar a vida de americanos em perigo por décadas.¿
Gates substitui Donald Rumsfeld, que renunciou após a derrota do Partido Republicano nas eleições legislativas de novembro. Rumsfeld foi um dos principais arquitetos da guerra do Iraque. A insatisfação da população americana com a condução da guerra foi apontada como uma das causas da vitória democrata. Gates revelou ainda que viajará para o Iraque ¿muito em breve¿, para se encontrar com comandantes do Exército e discutir ¿um novo plano de guerra¿.
Em Bagdá, a organização Crescente Vermelho suspendeu ontem seus trabalhos humanitários, um dia depois do seqüestro de 30 de seus funcionários. ¿Reforçamos o pedido pela libertação de nossos colegas¿, disse Mazin Abdellaha, secretário-geral do Crescente Vermelho iraquiano. Segundo a organização, 16 reféns já foram soltos.
O ex-ministro iraquiano de Energia Ayham al-Sameraie - detido por corrupção - fugiu da prisão na protegida Zona Verde de Bagdá. Sameraie foi acusado de desviar mais de US$ 2 bilhões durante o governo de Ayad Allawi, logo após a queda de Saddam, em 2003.