Título: Condenado a 21 anos, Edemar volta para a cadeia
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2006, Economia, p. B7

O ex-controlador do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, foi condenado, na segunda-feira, a 21 anos de prisão pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro por organização criminosa, fraude com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), formação de quadrilha e gestão fraudulenta.

Edemar também teve confiscados todos os seus bens, incluindo a mansão no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, e as suas obras de artes. Ele terá, ainda, de pagar R$ 2,074 milhões de multa.

O imóvel vai virar museu e deverá ser desocupado. A decisão, em primeira instância, foi proferida pelo juiz da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, Fausto Martin de Sanctis.

Às 6 horas da manhã de ontem, a Polícia Federal (PF) cumpriu a ordem de prisão. Além de Edemar, seu filho Rodrigo Rodrigues de Cid Ferreira, condenado no mesmo processo a 16 anos de reclusão, foi preso. Ambos foram levados para a sede da PF na zona oeste de São Paulo e, posteriormente, para o Centro de Detenção Provisória II (CDP), em Guarulhos.

Edemar era o dono do Banco Santos, uma instituição de atacado que atendia a clientes de fundos de investimento e empresas. O banco sofreu intervenção do Banco Central (BC) em novembro de 2004 e foi liquidado em maio de 2005.

Segundo o BC, o rombo deixado pelo banco chegou a R$ 3 bilhões. Há, ainda, R$ 400 milhões em dívidas com fundos de investimento, R$ 300 milhões com o BNDES e US$ 240 milhões com uma instituição estrangeira.

O juiz também condenou outras sete pessoas. Três tiveram a prisão decretada na sentença de 665 páginas: o ex-superintendente Mário Archangelo Martinelli foi condenado a 18 anos e 8 meses; o ex-diretor-administrativo Álvaro Zucheli Cabral e o membro do comitê executivo do banco Ricardo Ferreira de Souza e Silva (sobrinho de Edemar) foram condenados a 16 anos.

O juiz condenou ainda outros quatro acusados, mas não determinou a prisão: André Pizelli Ramos (condenado a 16 anos, em regime fechado), Marcia de Maria Costa Cid Ferreira, esposa de Edemar, Ruy Ramazini e Renello Parrini (5,4 anos em regime semi-aberto). Esse grupo poderá recorrer da sentença em liberdade.

A decisão judicial de determinar a prisão de cinco dos nove condenados seguiu o critério de periculosidade e de dano na gestão do Banco Santos, apurou a reportagem do Estado.