Título: Convidado, Genoino vai ao Planalto
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2006, Nacional, p. A4

Com grande vantagem nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já não se sente mais constrangido em receber, no Palácio do Planalto, petistas envolvidos nos escândalos do mensalão. A convite dele, o ex-presidente do PT José Genoino foi anteontem a Brasília e o visitou em sua sala no 3.º andar do Palácio do Planalto.

Uma foto de Genoino deixando a sala de Lula, ao lado do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, foi publicada ontem pelo jornal Correio Braziliense. Descoberto, Tarso tentou assumir a responsabilidade da operação, dizendo-se "um amigo de 40 anos" do visitante. "O presidente tem simpatia pela eleição do Genoino, porque ele é um grande quadro político", disse Tarso. Segundo o ministro, Lula gostaria que ele se reelegesse "por já ter amargado seus erros".

Genoino deixou a presidência do PT em julho de 2005, após a revelação de que o partido tomou empréstimos ilícitos intermediados pelo publicitário Marcos Valério e de que um irmão dele estaria envolvido no escândalo dos dólares na cueca. Um ano depois, ele parece inteiramente integrado ao partido. Tem ajuda da militância na campanha e outros dirigentes dizem que sua renúncia é coisa do passado. Emissários petistas vêm mantendo contatos, também, com o ex-tesoureiro Delúbio Soares, dando sinais de que, em caso de vitória de Lula, ele poderá voltar à cena.

Horas depois de receber Genoino, em entrevista ao Jornal da Globo que foi ao ar na madrugada de ontem, o presidente mostrou-se mais cauteloso. Perguntado se não se constrange por ter a seu lado, na campanha, figuras que ele antes combatia, como Jáder Barbalho ou Newton Cardoso, do PMDB, defendeu-se: "Não escolho quem participa das reuniões - e também não veto, porque não sou juiz para julgar as pessoas." Sobre as alianças, a mesma coisa: "Eu tenho as alianças com quem quer me apoiar." Há duas semanas, em comício numa praça de Osasco, o presidente não aceitou a presença do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e puniu do mesmo modo o deputado Professor Luizinho em Diadema. Os dois tentam agora a reeleição.

O PT já começa a defender, também, a anistia para o ex-homem forte de Lula, José Dirceu, cassado pela Câmara em 2005. Assessores dele continuam trabalhando não só na campanha de Lula como no Planalto. É o caso de Telma Feher, que foi sua assessora de imprensa e hoje atua na Secretaria de Imprensa da Presidência.