Título: CPI identifica pagamentos para 60 prefeitos
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2006, Nacional, p. A15
A CPI dos Sanguessugas concluiu que, entre fevereiro de 2002 e julho de 2004, 60 prefeitos receberam propinas da máfia das ambulâncias, num total de R$ 750 mil. O valor que cada um recebeu variou de R$ 2 mil a R$ 125 mil. O PMDB é o que teve mais prefeitos beneficiados, 18. Em seguida vem o PFL, com 12.
Levantamento divulgado ontem pela CPI indica que 21 prefeitos mantinham relação direta com parlamentares ligados à máfia montada por Luiz Antonio e Darci Vedoin, donos da Planam, principal empresa do esquema. Das 60 prefeituras, apenas 40 receberam as ambulâncias. E só em 21 casos as ambulâncias foram pagas com verba de emendas ao orçamento apresentadas pelos 37 parlamentares que receberam depósitos da Planam em suas contas ou nas de assessores e parentes.
O sub-relator de Sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), apresentou documentos que mostram a ligação das prefeituras com deputados e emendas para compra de ambulâncias, além de depósitos feitos por empresas do esquema. Segundo Sampaio, a triangulação foi estabelecida a partir do depoimento de Luiz Antônio Vedoin à CPI.
Sampaio disse que com base no depoimento a CPI vai investigar a 'lógica' da liberação de emendas: se, como ocorria com o mensalão, o governo facilitava a liberação em determinadas votações. A CPI, segundo ele, também deve quebrar o sigilo bancário de assessores.
Sampaio disse que a CPI deve quebrar o sigilo bancário dos assessores que intermediaram o dinheiro da propina. Outro alvo da investigação é identificar os parlamentares que gerenciavam as emendas de bancada. "Eram eles, os gerentes, que cooptavam parlamentares da bancada para o esquema e muitas vezes eles não tinham ciência do que se passava."