Título: Em volume, exportações caem
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/09/2006, Economia, p. B5

O setor externo deverá prosseguir com contribuição negativa para os resultados do PIB no segundo semestre deste ano, assim como ocorreu no segundo trimestre, afirma o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Ontem, o IBGE divulgou que as exportações de bens e serviços apresentaram queda de 0,6% no segundo trimestre ante igual período de 2005, enquanto no primeiro trimestre o saldo resultado havia sido de crescimento de 9,3% no mesmo tipo de comparação.

"Há muito tempo não havia queda no volume exportado", comentou a gerente de Contas Trimestrais do instituto, Rebeca Palis. A última taxa negativa, de 0,7%, ocorrera em dezembro de 2003, um dos piores anos da história econômica recente.

De outro lado, as importações cresceram 12,1% no período, mantendo em parte a aceleração do primeiro trimestre, que havia registrado avanço de 15,9%. Rebeca vinculou a perda de ritmo do PIB no segundo trimestre ao fraco desempenho dos investimentos e, especialmente, do setor externo.

Para Augusto de Castro, a tendência é de crescimento mais forte das importações nos próximos meses, porque o câmbio está levando as empresas a substituir cada vez mais insumos nacionais por importados.As importações têm contribuição negativa para o PIB.

Estudo da AEB mostra que o crescimento das exportações tem sido puxado pelas commodities industrializadas."As empresas que estão conseguindo repassar preços, mesmo sem aumentar as quantidades exportadas, continuam no mercado externo", disse. O IBGE faz o cálculo do setor externo no PIB levando em conta a quantidade exportada, e não o valor.

Em toneladas, segundo a AEB, a exportação de manufaturados cresceu apenas 3,56% no primeiro semestre ante igual período de 2006. Em valor (US$), o crescimento foi de 11,26% no período.

Nas commodities industrializadas (incluem óleos combustíveis, açúcar refinado, gasolina e suco de laranja), o crescimento foi de 8,25%, em toneladas, enquanto em dólar o aumento chegou a 28,33%.