Título: MST aponta áreas para desapropriar
Autor: Fadel, Evandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2006, Nacional, p. A16
O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, garantiu ontem, em Curitiba, em reunião com integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), recursos para infra-estrutura e compra de todas as áreas que forem apresentadas até o fim do ano para fins de reforma agrária.
Com essa garantia, os cerca de 600 sem-terra que estavam acampados desde segunda-feira em frente à sede do órgão, no centro da cidade, decidiram voltar ao interior do Estado.
'Temos recursos suficientes para a aquisição desses imóveis', acentuou Hackbart. Os sem-terra apresentaram uma lista com 77 áreas onde estão acampadas 8 mil famílias, mas a superintendência regional disse que apenas 10 devem estar com a documentação pronta até o fim do ano.
Hackbart disse estar 'otimista' em relação ao balanço nacional que deve apresentar em dezembro. 'Há muito recurso para crédito, assistência técnica, habitação e energia', reforçou.
O presidente também garantiu o atendimento de toda capacidade que o Estado tiver na aplicação de recursos para habitação nos assentamentos até o limite de R$ 15 milhões, valor pedido pelos sem-terra. Ressaltou ainda que há dinheiro disponível para projetos de agroindústria. Para a próxima semana, prometeu depositar R$ 258 mil para estruturação de equipes pedagógicas.
Em parceria com a Secretaria da Agricultura Familiar, ele também garantiu R$ 274 mil, igualmente na próxima semana, que serão utilizados para capacitação de técnicos em agroecologia.
O coordenador regional do MST, Roberto Baggio, afirmou que houve um avanço nesta conversa com o presidente da instituição, mas ressaltou que ainda está longe do que o MST deseja.
'A decisão do movimento é utilizar esse resto de ano e os próximos quatro anos do governo Lula para intensificar a pressão, a mobilização para que a reforma agrária de fato se concretize.'
ANDRADINA
Duzentos militantes do MST ocuparam ontem de manhã o prédio do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) em Andradina, a 640 quilômetros de São Paulo. No dia anterior, os sem-terra já tinham ocupado o Incra na cidade.
A ocupação, segundo o movimento, ocorreu em protesto contra a falta de política estadual para reforma agrária. De acordo com o MST, técnicos do Itesp comprometidos com a reforma agrária estão abandonando o instituto, que deixou de atender os interesses dos sem-terra 'para se tornar trampolim eleitoral'.
No início da noite, os sem-terra decidiram desocupar o Itesp e a sede do Incra e seguir em direção à Fazenda Cafeeira, em Castilho, a 20 quilômetros de Andradina, invadida no último domingo.
MOBILIZAÇÃO
A direção do MST anunciou ocupações de terra segunda-feira, em Pernambuco, como forma de repúdio ao 'fracasso' do ano de 2006 em relação à reforma agrária.
'As perspectivas para 2007 são ainda piores em termos de vistorias', afirmou o dirigente estadual do movimento, Alexandre Conceição, que prevê cerca de cinco invasões de áreas.
COLABORARAM CHICO SIQUEIRA e ANGELA LACERDA