Título: Câmara da cidade rejeitou contas e administração foi investigada por CPI
Autor: Moraes, Marcelo de e Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2006, Nacional, p. A4

O líder do governo na Câmara de Ipatinga, vereador Nardyello Rocha (PMDB), acredita que irregularidades semelhantes às apontadas pelo TCU no convênio com o Ministério da Integração foram praticadas nos dois anos anteriores da gestão do prefeito petista. ¿Ele (Chico Ferramenta) preparava terreno para levar esse dinheiro ao Banco Rural, que, coincidentemente, foi o banco do valerioduto¿, acusou.

As contas de Ferramenta referentes aos exercícios de 2000 e 2001 foram rejeitadas pelo plenário da Câmara, depois de aprovadas com ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado. O petista, que já exerceu três mandatos como prefeito, enfrenta forte oposição no Executivo e no Legislativo municipais. ¿Como não desconfiar de quem paga R$ 7 milhões em dinheiro, logo no mesmo banco onde ia estourar o escândalo do mensalão?¿, questiona Rocha.

O vereador presidiu uma CPI, instalada em agosto de 2005, para investigar a gestão de Ferramenta. O relatório da CPI foi concluído em fevereiro deste ano e encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE). O documento pede o indiciamento de 40 pessoas e a denúncia do ex-prefeito por dano aos cofres municipais. O convênio assinado em 2002 não foi objeto de investigação da comissão.

O MPE ainda não apresentou acusação formal, mas os trabalhos da CPI geraram 24 ações populares na Justiça por supostas irregularidades na contratação de serviços de transportes pela gestão anterior. O atual prefeito de Ipatinga é Sebastião Quintão (PMDB).

TRAJETÓRIA

Chico Ferramenta começou na política após disputar e perder as eleições para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, em 1985. Sede da siderúrgica Usiminas, a 209 quilômetros de Belo Horizonte, a cidade é um dos principais redutos do PT em Minas.

Foi eleito no ano seguinte deputado estadual e exerceu seu primeiro mandato como prefeito de Ipatinga de 1989 a 1992. O deputado João Magno (PT-MG) - um dos acusados de receber dinheiro do mensalão - o substituiu na administração municipal. Em 1993, Ferramenta foi eleito presidente do PT de Minas. Dois anos depois, conquistou uma vaga na Câmara. Interrompeu o mandato para voltar a comandar a prefeitura em 1997. Foi reeleito em 2001. Ferramenta e Magno foram derrotados este ano na eleição para a Câmara.