Título: Fábrica chinesa no País importa componentes
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/12/2006, Economia, p. B8

A Phihong, que tem 60% de capital chinês e uma fábrica em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, deixou de fabricar no País as fontes alimentadoras de energia para computador. A empresa, que recentemente demitiu 500 dos 3 mil funcionários por causa do fim dessa linha de produção, decidiu vender computadores prontos montados com peças asiáticas.

No ano passado, a companhia faturou US$ 89 milhões e as fontes alimentadoras de energia responderam por 5% das vendas. Segundo o presidente da empresa no Brasil, Luciano Lamoglia, o ¿efeito China¿ de redução na produção local e importação de equipamentos quase prontos se acelerou com as mudanças na política industrial, que reduziu a obrigatoriedade de uso de componentes nacionais no equipamento.

Depois das fontes alimentadoras de energia, ele pretende desativar as linhas de carregadores e baterias para celular. ¿Vou demitir mais mil funcionários¿, prevê Lamoglia. Com a decisão de trazer as peças do computador da Ásia e montar o equipamento aqui, a estrutura industrial necessária acaba sendo menor, observa o diretor. ¿Para fabricar uma fonte, preciso de 75 pessoas. No caso da montagem de um PC, são necessários seis trabalhadores na linha de produção.¿

Lamoglia observa que o processo de montagem é mais simples e o produto, por ser de maior valor, traz para a empresa uma receita maior. A previsão de faturamento da companhia para este ano é de US$ 100 milhões e, para 2007, as vendas devem atingir US$ 120 milhões.

Enquanto a indústria se adapta ao ¿efeito China¿, os produtores de soja não têm do que reclamar do gigante asiático. Para cerca de 20 cooperativas de soja do Paraná, a China é o comprador mais importante, diz o gerente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.

Em 2000, por exemplo, a China respondia por 2,5% das exportações totais de produtos agropecuários das cooperativas brasileiras. Até outubro deste ano, esse índice era de 10,5%. Em valores, o crescimento foi vertiginoso. Em 2000, as exportações de produtos agropecuários para a China somaram US$ 19,4 milhões e neste ano devem atingir US$ 270 milhões. ¿É 14 vezes mais . A soja responde por 60%¿, observa Turra.

A tendência, diz Turra, é de que a China continue firme como uma grande compradora da soja em grão. Segundo ele, os chineses são bons clientes, compram grandes quantidades e têm uma demanda regular pelo produto. Pelo fato de ser uma grande compradora, a China puxa os preços no mercado internacional, o que é bom para o Brasil. ¿Os grandes volumes de soja comprados pela China favorecem o aumento da produção no campo, mas não criam empregos aqui¿, diz Turra.