Título: Marcola casa com estudante de Direito no presídio
Autor: Ferreira, Homéro
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/01/2007, Metrópole, p. C5

Sem direito a tocar na noiva nem a trocar alianças, o líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, de 38 anos, se casou às 10h30 de ontem, com uma estudante de Direito, no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo. A nova mulher de Marcola (que era viúvo), Cynthia Giglioli da Silva, tem 30 anos e esteve detida em 2005, acusada de colaborar com o PCC e de receber mesada de R$ 15 mil da facção.

Os noivos puderam olhar-se, no momento da cerimônia, pelo vidro à prova de balas instalado no parlatório, local onde os presos recebem visitas e se comunicam por interfone, equipamento pelo qual Marcola e Cynthia disseram o ¿sim¿, segundo funcionários do presídio.

Um diretor sindical dos agentes penitenciários disse o casamento de Marcola é um deboche contra a sociedade. ¿Se isso é normal, o que é anormal?¿, questionou o sindicalista, que não se identificou por temer ser morto pelo PCC.

A nova mulher de Marcola chegou no presídio às 10 horas em um carro particular, acompanhada de duas pessoas que a deixaram e retornaram uma hora e meia depois para buscá-la. A cerimônia foi simples e rápida, além de ter sido antecipada em dois dias, considerado o prazo de 15 dias do edital de proclamas - estava prevista para sexta-feira . A certidão de casamento foi lavrada pelo juiz de paz Giovani Barreto.

Não foi o primeiro casamento no presídio de Presidente Bernardes. Há dois anos, o número 2 do PCC, Júlio César Guedes Morais, o Julinho Carambola, casou-se no mesmo local. Ele e Marcola - condenado a 44 anos de prisão por roubos a bancos - estão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), sem direito a regalias nem visitas íntimas. Marcola ficou viúvo em 2003, quando Ana Maria Olivatto Camacho foi executada na disputa pelo comando da facção.