Título: Alckmin elogia carta, que Azeredo julga injusta
Autor: Scinocca, Ana Paula e Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/09/2006, Nacional, p. A5

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, classificou como "correta" a carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aos militantes do PSDB. "O Brasil e o governo do PT vivem uma crise moral grave", afirmou, em Fortaleza, reforçando o conteúdo das críticas de FHC. "Ele tem razão", disse o candidato, acrescentando que o ex-presidente "traduziu o sentimento de desencanto e frustração com o governo Lula". Apesar da concordância, Alckmin não quis se alongar nos comentários sobre o texto.

Tanto Alckmin como o presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), preferiram comentar a pesquisa Globo/Ibope divulgada ontem. "Eu falei que a campanha começava a partir da parada militar, do 7 de Setembro. Tudo indica que vamos para o segundo turno", comemorou o candidato. 'A diferença hoje é de 10 pontos. Ou seja, é preciso virar cinco", disse. "Ele foi o único candidato que subiu nas pesquisas", reforçou o senador cearense.

Tasso disse que não há crise na campanha por causa da carta em que FHC diz que o PSDB errou "ao tapar o sol com a peneira" quando a imprensa descobriu que o senador tucano Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, também se envolvera com o valerioduto montado pelo empresário Marcos Valério. "Não tem crise nenhuma. Está todo mundo zen. São pequenas nuances que acontecem nas melhores famílias da Inglaterra, Sobral e adjacências. Não tem maiores conseqüências", disse Tasso.

AZEREDO

Apesar de Tasso achar que está "tudo zen", o senador Eduardo Azeredo reagiu com irritação à carta e classificou as declarações do ex-presidente FHC como "inoportunas, injustas e incorretas". Ele explicou: "A solidariedade que eu tive das bancadas do PSDB na Câmara e no Senado, além de adversários, foi porque eles não taparam o sol com a peneira e souberam separar as questões".

Azeredo, que participava de campanha em municípios da região oeste de Minas, manifestou estranheza com a autocrítica envolvendo seu nome. "Em nenhum momento ele (FHC) me falou nada. Tinha liberdade para falar isso para mim e não falou nada comigo na época." Ele aproveitou para alfinetar o ex-presidente, sugerindo que o período eleitoral e as comparações entre os oito anos de seu governo e o do presidente Lula motivaram a crítica.

O senador cobrou lealdade partidária de FHC e o acusou de atrapalhar a campanha de Alckmin. "O momento é de pedir votos. Mas em vez de ajudar na campanha ele está atrapalhando. Não é hora de fazer críticas ou autocríticas. Eu estou aqui no interior. E Fernando Henrique está aonde? Eu não sei."

Em Fortaleza, Alckmin fez um comentário sobre o caso Azeredo: "Não pode misturar as coisas. Ele já explicou, mas na República todo mundo presta contas."