Título: Sucessor de Rosinha vai pegar Rio em crise
Autor: Tosta, Wilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/09/2006, Nacional, p. A9

Com déficit orçamentário de R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre e denúncias de falta de dinheiro para pagar desde comida dos hospitais até combustível para carros policiais, o Rio vê o governo de Rosinha Garotinho (PMDB) se aproximar perigosamente, em seu fim, de crise semelhante à que encontrou ao assumir. Embora não admita as possibilidades de atraso de salários do funcionalismo ou de deixar de quitar pagamento da dívida renegociada com a União, a administração estadual luta para cortar despesas, aumentar receitas e, sobretudo, evitar violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que proíbe administradores de legar aos sucessores dívidas sem cobertura.

Oficialmente, o Estado diz não estar quebrado, mas viver problemas pontuais. Relatório da execução orçamentária, divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) no Diário Oficial, mostra o tamanho do problema. Ele aponta que até o fim de junho o Rio teve receita de R$ 16.511.523.316,39, mas empenhou (reservou para gasto) R$ 17.827.373.381,05.

O rombo orçamentário (não financeiro, já que essa quantia não foi toda paga) é de R$ 1.315.850.064,66. No curto prazo, no entanto, o panorama para o Estado é de superávit. A "sobra" foi de R$ 1.592.216.816,14, porque a despesa efetivamente paga fica em R$ 14.919.306.500,25. Pesquisa no Sistema Integrado de Administração Financeira de Estados e Municípios (Siafem) mostra que em julho o déficit orçamentário chegou a R$ 1,5 bilhão. E em 2005 a situação já era difícil.

"É um quadro muito grave, que mostra uma situação delicadíssima e de má gestão", diz o deputado estadual Alessandro Molon (PT), que apresentou, na Comissão de Orçamento, Finanças, Fiscalização Financeira e Controle da Assembléia do Rio, voto contrário à aprovação das contas de Rosinha do ano passado. Ele acusa a administração de não informar o destino de R$ 400 milhões originalmente arrecadados por meio de um adicional de ICMS no Fundo Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais, e de não detalhar mais de R$ 200 milhões em serviços prestados ao Estado por ONGs.