Título: Ata do Copom indica juros de 12% no fim de 2007
Autor: Fernandes, Nalu
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/09/2006, Economia, p. B3

O nível de 12% para a taxa básica de juros, a Selic, é o novo marco nas projeções dos analistas para o próximo ano, com base na ata da reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem.

Para Gray Newman, analista sênior do Morgan Stanley para América Latina, esse número passou a ser bastante possível de ser atingido, principalmente depois da divulgação da ata. "A mensagem da ata do Copom é que 12% no fim de 2007 é bastante possível", observou.

Para a próxima reunião, Newman acredita que o Copom deixou a porta aberta tanto para um corte de 0,25 quanto de 0,50 ponto porcentual. "Para o encontro de outubro, as duas possibilidades estão na mesa de novo." E completa: "Em agosto, o BC já havia decidido por um corte de 0,50 ponto por causa da melhora do cenário de inflação".

Na avaliação de Paulo Leme, diretor do Departamento de Pesquisa Econômica para Mercados Emergentes da Goldman Sachs, a mensagem da ata é que o ritmo de corte da Selic vai diminuir para 0,25 ponto porcentual. Ele espera mais dois cortes dessa magnitude este ano e cita que o próprio comitê do Banco Central (BC) reconhece, no documento, que cogitou a redução do corte da taxa Selic na reunião de agosto.

"No parágrafo 21 da ata, o BC cita que o Copom avaliou a conveniência de reduzir a taxa em 0,25 ponto. Apesar de entenderem que diversos fatores respaldariam tal decisão, os membros do comitê concluíram que, neste momento, uma redução de 0,50 ponto resultaria em maior adequação das condições monetárias correntes à melhora no cenário para a inflação observada entre as reuniões de julho e de agosto."

Para José Carlos de Faria, economista sênior do Deutsche Bank para América Latina, a ata deixou em aberto a magnitude do próximo corte. "A ata não se compromete com o tamanho do corte", afirmou.

Para o analista, existe a possibilidade de redução no ritmo dos cortes, mas nada impede que o BC, pelos mesmos motivos que o moveram anteriormente (melhora da inflação), corte a taxa novamente em 0,50 ponto. Para 2006, o analista reduziu a projeção da Selic de 14% para 13,50%. Para 2007, Faria espera que a taxa chegue a 12%, ante projeção anterior de 12,50%.

A melhora no quadro de inflação é o foco principal da ata, na avaliação de Emy Shayo, analista do Bear Stearns para América Latina. A analista observa que a ata trouxe poucas novidades, mas "o ponto principal é o cenário muito positivo para a inflação", avalia. "(O BC) não vê nada de apreensão e preocupação em relação ao nível de preços no futuro", observou a analista. "O Copom não manifestou preocupação com demanda e oferta, não vê o consumo pressionando preços no futuro, isso é a chave."

Os especialistas chamam a atenção para os números que saíram após a elaboração da ata, como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto e os dados de produção industrial. "O IPCA foi muito melhor que o previsto, enquanto a produção industrial foi pior", diz Shayo. Ela também está colocando em processo de revisão os números para a Selic neste ano e em 2007.

Ricardo Amorim, diretor de Estratégia do WestLB para Mercados Emergentes, avalia que, depois da divulgação do IPCA, o número de setembro deve ficar abaixo das projeções. Sobre a ata, ele mencionou que a preocupação do BC com as commodities está menor, pois retirou a referência aos níveis elevados de seus preços internacionais.

Colaboraram Francisco Carlos de Assis e Paula Puliti

(SERVIÇO)Análises

Gray Newman Do Morgan Stanley para América Latina "A mensagem da ata do Copom é que 12% no fim de 2007 é bastante possível"

Paulo Leme Da Goldman Sachs "A mensagem é que o ritmo de corte da Selic vai diminuir para 0,25 ponto porcentual"C