Título: Inflação global ainda preocupa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/09/2006, Economia, p. B5

A economia mundial tem mostrado que é resistente a crises e turbulências e vai continuar crescendo forte em 2007, disse ontem o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato. Porém, a inflação vai continuar sendo uma preocupação importante que poderá retardar o crescimento e os bancos centrais terão de combatê-la, disse Rato durante uma conferência em Calgary, no Canadá.

"A economia mundial está crescendo forte e as perspectivas de crescimento são animadoras", disse Rato. Em particular, a Índia e a China são "os motores do crescimento", enquanto o recente desempenho da África Subsaariana também tem sido animador, disse o diretor-gerente do FMI.

Com relação aos EUA, maior economia do mundo, uma desaceleração no mercado de imóveis residenciais está "moderando" seu desempenho. Além disso, o desequilíbrio comercial americano com o resto do mundo é um problema contínuo que precisa ser resolvido, acrescentou. "O desequilíbrio dos EUA não é sustentável. O país não pode dar suporte à demanda do resto do mundo indefinidamente."

Rato disse também que o mundo deve se acostumar com preços de commodities mais elevados, particularmente nos mercados de petróleo e gás natural. "Os preços elevados do petróleo estão aí para ficar."

O diretor-gerente do FMI disse ainda que há uma clara necessidade de o Fundo reequilibrar suas fronteiras com o objetivo de "manter uma organização eficaz e crível". Em seu encontro anual em Cingapura no dia 19, a diretoria executiva do FMI vai apresentar uma resolução que aumenta modestamente o poder de voto de China, Coréia do Sul, México e Turquia, imediatamente.

A mudança é o estágio inicial para uma iniciativa mais ampla com objetivo de revisar as prioridades do FMI e dar aos países emergentes de elevado crescimento, especialmente da Ásia, uma voz mais forte sobre suas operações.

RESISTÊNCIA

A economia global tem se mostrado "mais resistente" aos preços elevados do petróleo, disse Rato. Contudo, as limitações na oferta vão continuar a ser uma preocupação premente para a economia. "Quanto mais as limitações da oferta têm um papel no mercado, mais importante se tornam os preços da energia, e essa é uma avenida perigosa."

Além disso, o desempenho dos mercados de energia pode ser melhorado com aumento da transparência, disse. "Precisamos de um esforço em direção a mercados mais transparentes, para tornar os dados de energia mais disponíveis."

Os governos também precisam evitar a tentação de subsidiar os preços da energia. Em vez disso, políticas mais direcionadas são necessárias para educar os consumidores sobre o maior papel desempenhado pelos preços de energia mais elevados na economia global.