Título: Petróleo é um dos destaques do encontro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/11/2006, Economia, p. B13
A necessidade de uma maior margem segurança na relação entre a oferta e demanda mundial de petróleo e outros recursos naturais e uma avaliação das perspectivas para a economia mundial serão os principais temas de discussão da agenda oficial da reunião dos ministros das finanças e governadores de banco centrais do G-20, que será realizada até o domingo em Melbourne. O G-20 é um grupo informal de países ricos e emergentes, entre eles o Brasil, que representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
'É importante nos mobilizarmos para que a oferta de petróleo e de minérios seja suficiente para atender à demanda, que vem crescendo com o processo de industrialização e urbanização da China e outros grandes países emergentes', disse o ministro das finanças da Austrália e atual presidente do G-20, Peter Costello.
Ele observou que vários países vêm sofrendo pressões inflacionárias por causa da alta do petróleo e de outras commodities. 'Precisamos evitar uma carência de recursos naturais que potencialmente poderia desestabilizar a economia mundial, como já ocorreu no passado no caso do petróleo.'
Entre as propostas que serão discutidas, Costello defendeu maior investimento e transparência no setor energético, e enfatizou a necessidade de que os recursos naturais sejam comercializados livremente, sem fixação artificial de preços ou manipulação das fins políticos. Amanhã, executivos de empresas petrolíferas e de mineradoras terão um almoço com os ministros e banqueiros centrais para discutir o tema.
As mudanças demográficas, o controle ambiental e as reformas nas instituições de Bretton Woods - Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial - também estão na agenda.
ECONOMIA MUNDIAL
O grau de desaceleração do ritmo de atividade nos Estados Unidos e a atual pressão inflacionária em vários países industrializados serão discutidas durante o seminário sobre a estabilidade econômica mundial . Nos bastidores da reunião, as autoridades chinesas deverão sofrer uma nova rodada de pressões para que flexibilizem mais sua moeda (o yuan), que continua subvalorizada.
Costello evitou comentar o caso chinês, mas disse que a economia mundial vive hoje desequilíbrios financeiros que potencialmente podem gerar movimentos bruscos nas taxas de câmbio. 'Vemos amplos superávits e amplos déficits comerciais' disse, numa referência clara à China e aos Estados Unidos, respectivamente.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o secretário para assuntos internacionais do ministério da Fazenda, Luiz Eduardo Melin, representarão o Brasil. Na segunda-feira, Meirelles participará da renião bimestral do Banco para Compensações Internacionais (BIS, conhecido como o banco central dos bancos centrais), em Sydney.
Cotação no menor nível desde 2005
A cotação do petróleo caiu ontem para o nível mais baixo desde junho de 2005. As dúvidas sobre a velocidade de desaceleração da economia americana e ajustes técnicos provocados pelo vencimento do contrato futuro de dezembro em Nova York foram os motivos que explicaram o recuo.
Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o barril do tipo light para entrega em dezembro caiu US$ 0,45, para US$ 55,81. Na Bolsa Intercontinental de Futuros de Londres (ICE), o barril do tipo Brent para entrega em janeiro subiu US$ 0,45, para US$ 58,99. Para Bill O'Grady, analista de AG Edwards, o movimento de baixa em Nova York não surpreendeu. 'Já havia ocorrido algo semelhante em setembro e outubro.'