Título: Isolamento afasta presidente de vaias no 7 de Setembro
Autor: Monteiro, Tânia e Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/09/2006, Nacional, p. A5

Os organizadores do desfile do Dia da Pátria tomaram todas as precauções para evitar ontem o constrangimento do ano passado - quando, no auge do escândalo do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vaiado ao chegar. Desta vez, a área próxima ao palanque das autoridades foi completamente isolada. Vaias ao presidente só puderam ser ouvidas no trecho inicial do desfile, perto do Congresso, e depois do palanque presidencial. Para quem estava perto das autoridades, os aplausos foram muito mais sonoros.

As arquibancadas próximas ao palanque foram ocupadas por convidados especiais, na maioria funcionários do próprio Planalto. Os convites foram distribuídos cuidadosamente. Bem orientados, os servidores acenavam com bandeirinhas do Brasil quando Lula era citado e no fim da cerimônia, quando o locutor anunciou a saída dele da Esplanada dos Ministérios. Muitos tentaram ensaiar o grito da campanha - "Lula de novo, com a força do povo". Mas o coro foi tímido.

A preocupação com o isolamento das áreas próximas a Lula foi tão grande que o gramado na frente do palanque presidencial esteve interditado para o público durante todo o desfile. Os organizadores queriam evitar situações como a do ano passado, quando um fotógrafo do Estado registrou um manifestante com uma bandeira preta pedindo impeachment, justamente em frente ao palanque. O Planalto se irritou tanto que apresentou uma contestação formal, alegando que a imagem tinha sido obtida com truques óticos e lentes especiais.

Do palanque presidencial podiam ser vistas, à distância, algumas bandeiras do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. Quase não se viam bandeiras e camisetas vermelhas do PT e, ao longo da Esplanada dos Ministérios, havia algumas poucas faixas de protesto contra a corrupção.

O desfile foi aberto às 9 horas por Lula, que chegou em carro aberto com a primeira-dama, Marisa Letícia. No palanque estavam 22 ministros e os filhos de Lula com as famílias, incluindo dois netos. Como nos anos anteriores, todos ficarão na capital até o fim da semana. Após a solenidade, a família presidencial participou de um churrasco na Granja do Torto.

PRESENÇA

O vice-presidente José Alencar e sua mulher, Mariza, levaram um neto para assistir ao desfile. Também estavam no palanque os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Lula levou para o palanque a menina Amanda Almeida, de 1 ano e 10 meses, portadora de síndrome de Down, para assistir ao desfile ao lado da mãe, que é funcionária da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O presidente segurou Amanda nos braços e tirou fotos com ela.

O público parecia ser menor do que o do desfile do ano passado, quando as arquibancadas ficaram abarrotadas de convidados que gritavam insistentemente o nome de Lula. Mas a estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal foi de 30 mil pessoas, número igual ao de 2005.