Título: Biscaia depõe e confirma que Suassuna falou em propina
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2006, Nacional, p. A10
Seis depoimentos ontem ao Conselho de Ética do Senado agravaram a situação dos senadores Magno Malta (PL-ES), Ney Suassuna (PMDB-PB) e Serys Slhessarenko (PT-MT), acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. A maioria dos depoentes apontou a participação dos parlamentares no esquema de venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras e desmentiu versões dos acusados para se defender.
O presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), confirmou um diálogo com Suassuna que já relatara. Segundo o petista, o senador perguntou se ele não sabia que "90% dos parlamentares tiram uma beirada das emendas ao orçamento". Biscaia disse ter ficado surpreso e afirmado que não sabia.
No caso de Serys, para tentar superar contradições entre depoentes, o conselho marcou para a próxima terça-feira acareação entre Darci Vedoin, Luiz Antônio Vedoin, Paulo Roberto Ribeiro (genro da senadora) e Ivo Spínola da Rosa (genro de Darci). A idéia é confrontar as versões da família Vedoin, dona da Planam, principal empresa da máfia, com o depoimento de Ribeiro e Spínola. O genro de Serys sustenta que recebeu cheque de R$ 37,2 mil de Spínola pela venda de equipamentos hospitalares para a Planam. Spínola disse, no entanto, que não se lembra do cheque. Afirmou ainda ter presenciado o pagamento de R$ 35 mil para Ribeiro por Luiz Vedoin.
"Tem muita gente mentindo e é preciso ouvir mais pessoas e buscar mais documentos para chegar à verdade", disse o senador Paulo Octávio (PFL-DF), relator do caso de Serys no conselho, que propôs a acareação.
Também houve contradições nos depoimentos dados por Maria da Penha Lino, considerada pela Polícia Federal o braço da quadrilha no Executivo, e Marilani Cavalcanti de Albuquerque, assessora parlamentar do Ministério da Saúde. Depois de garantir não ter envolvimento com o esquema, Maria da Penha disse que foi "usada". "Os Vedoin não me indicaram para cargo nenhum no ministério. Fui usada por eles. Nunca tive poder para liberar nada no ministério."
O deputado Lino Rossi (PP-MT) faltou ao depoimento e enviou carta alegando que prepara a defesa diante do Conselho de Ética da Câmara - ele é um dos 67 deputados processados na Casa. Segundo o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), a carta de Rossi trouxe detalhes que comprometem Malta.