Título: Lula pede que aliados tenham um só candidato
Autor: Madueño,Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2006, Nacional, p. A6

No mesmo dia em que o PT lançou a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (SP), líder do governo, ao comando da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que os partidos da base aliada 'se acertem' em torno de um concorrente. Tanto nas conversas políticas que manteve ao longo do dia como em entrevista no Palácio do Planalto, Lula disse que desta vez não aceitará insubordinação.

'Não é o primeiro candidato, já há outros. É importante que todo e qualquer candidato da base se submeta à base, porque, se não houver a subordinação, não haverá razão de fazer política unitária', afirmou Lula. 'As pessoas precisam perceber que, se do nosso lado nós nos dividirmos, do lado de lá eles podem se unificar.'

Antes, ao receber em audiências dirigentes partidários, Lula foi categórico. Disse esperar 'juízo' dos aliados para evitar o que ocorreu em 2005, quando a base rachou e o governo sofreu sua maior derrota, perdendo a presidência da Câmara para Severino Cavalcanti (PP-PE), obrigado a renunciar sete meses depois.

Lula apóia a recondução de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na Câmara e a de Renan Calheiros (PMDB-AL) ao comando do Senado, mas tem evitado entrar em atrito com o PT, sob a alegação de que há dois meses pela frente - a eleição será em fevereiro.

'Cada deputado sabe a regra do jogo, sabe o que acontece quando a gente se divide. Eu digo sempre uma frase que o Dr. Ulysses Guimarães me dizia: 'Não adianta pensar que tem deputado ingênuo ou inocente.' Eu digo sempre que os ingênuos ficam de suplente', afirmou.

Após encerrar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - que ontem apresentou a ele proposta de reforma política -, o presidente repetiu achar 'legítimo' que, num primeiro momento, cada partido queira lançar um nome para presidir a Câmara. 'Mas eu acho mais justo e legítimo ainda que, havendo muitos candidatos, que eles se acertem para que a gente tenha um único candidato.'

Não é só o PT que preocupa Lula. Além de Chinaglia, o PMDB tem outros dois pré-candidatos à sucessão de Aldo: Geddel Vieira Lima (BA) e Eunício Oliveira (CE). Ainda ontem, durante encontro com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), o presidente disse que fará um 'grande esforço' para que não se repita a divisão de 2005 na base.

Mesmo tendo passado o dia em conversas com representantes de partidos, Lula negou convites para o novo ministério. 'Acabei de ganhar as eleições e deveria estar festejando. É como se o São Paulo tivesse de substituir todos os jogadores. Ele acabou de ser campeão brasileiro. É preciso paciência.'