Título: PT lança Chinaglia e racha coalizão na Câmara
Autor: Madueño,Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2006, Nacional, p. A6

O primeiro teste da nova coalizão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está ameaçado pelo fracasso. A Executiva do PT e a bancada do partido na Câmara lançaram oficialmente ontem o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo, como candidato à presidência da Casa, expondo uma divisão na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo mandato. A bancada do PMDB deve formalizar hoje a posição de também ter um candidato na disputa e o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), tem o apoio do presidente Lula para continuar no cargo.

A bancada do PT apenas formalizou a decisão da escolha de Chinaglia, que fora definida pela Executiva do partido em reunião pela manhã com um grupo de deputados. Isso provocou reclamações de petistas. ¿O lançamento hoje (ontem) do candidato é mais um resultado da vontade pessoal dele e de articulação de um grupo de São Paulo do que da vontade da bancada¿, avaliou o deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE).

Mesmo com críticas, não houve disputa interna na bancada e o líder acabou aclamado depois de três horas de reunião. ¿É um momento em que a unidade se sobrepõe à idéia da disputa. Reconhecemos que não podemos repetir o episódio de 2005¿, afirmou o deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS), referindo-se à eleição em que o PT teve dois candidatos e Severino Cavalcanti (PP-PE) saiu vitorioso.

Para evitar que a divisão resulte em derrota na eleição no dia 1º de fevereiro, o PT vai buscar apoio nas outras bancadas. ¿Vamos trabalhar para ter uma única candidatura¿, afirmou Chinaglia. ¿Decidimos apresentar o nome de Arlindo para o diálogo e para a negociação que construa uma candidatura¿, afirmou o líder do PT, deputado Henrique Fontana (RS). ¿Não há hipótese de a coalizão ter dois candidatos, senão ela já começará capenga¿, resumiu o deputado Odair Cunha (PT-MG).

Chinaglia já tem conversado com o PMDB e com Aldo sobre sua candidatura.

¿Estamos admitindo apoiar o PT da mesma forma que o PT não fechou a porta para o PMDB. O que não dá é para cada um sair com seu candidato¿, afirmou o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), um dos candidatos do PMDB à sucessão de Aldo. O presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), afirmou que o diálogo sobre a sucessão na Câmara foi aberto ontem. ¿Os demais partidos vão se posicionar¿, afirmou.

Fontana e Chinaglia manifestaram interesse em conversar também com partidos de oposição sobre uma eventual candidatura única à presidência da Câmara. Para o PFL, porém, o interesse é eleger um candidato oposicionista à presidência do Senado. ¿Faremos qualquer acordo para isso. Vamos apoiar quem nos ajudar a ganhar lá¿, afirmou o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

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