Título: MS tem até segunda para quitar R$ 48 mi com União
Autor: Naves, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2007, Nacional, p. A6

O governador André Puccinelli (PMDB), de Mato Grosso do Sul, disse ontem que as contas bancárias do Estado voltarão a ser bloqueadas caso não consiga pagar até segunda-feira R$ 47,9 milhões à União. A movimentação do Estado chegou a ser bloqueada na quinta-feira por conta de dívidas vencidas e não pagas, mas o governador recém-empossado conseguiu reverter a medida.

Para isso, Puccinelli viajou a Brasília e se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os ministros Paulo Bernardo, do Planejamento, e Tarso Genro, das Relações Institucionais. Depois dos encontros, o ministro interino da Fazenda, Bernard Appy, declarou que o prazo para Mato Grosso do Sul pagar não estava esgotado e chegou a negar que tivesse havido bloqueio das contas bancárias - confirmado pelas autoridades estaduais. O atual governo de Mato Grosso do Sul admite que houve tratamento político para a questão financeira.

O valor pendente se refere a duas parcelas de contratos de renegociação da dívida com a União, ambas vencidas no mês de dezembro - durante a gestão de José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. Ontem, Puccinelli apontou um superpagamento feito a empresários por seu antecessor como causa da crise financeira que vive o Estado. Segundo levantamento da atual administração, Zeca do PT pagou nos últimos três dias do mandato R$ 116 milhões a empreiteiras e prestadoras de serviços ao Estado.

¿O dinheiro daria para pagar os serviços da dívida do Estado com a União e sobraria para quitar os salários dos servidores referentes ao mês de dezembro¿, observou Puccinelli ontem. Na véspera, ao se encontrar com o presidente Lula, que é do mesmo partido de seu antecessor, o atual governador evitou atribuir a crise a Zeca do PT. Agora, Puccinelli diz que ¿não imaginava tanta desorganização e irresponsabilidade¿, referindo-se ao final do mandato do antecessor.

O governador acredita na possibilidade de que, além de privilegiar alguns credores, Zeca do PT possa ter tido o propósito de dificultar o trabalho do novo governo, desobedecendo ¿no apagar das luzes¿ a ordem das prioridades no que se refere às dívidas do Estado. Sobre essa hipótese, Puccinelli comentou: ¿Quem era o governador no dia 2 de janeiro? Então, estamos averiguando isso¿.

Puccinelli corre contra o relógio para tentar reverter a situação e levantar os recursos necessários. ¿Segunda-feira é o prazo máximo. Caso não haja pagamento na segunda, o bloqueio será inevitável¿, afirmou.

O governador explicou que técnicos da Fazenda estão procurando contatar os grandes contribuintes de ICMS para antecipar o pagamento do imposto, visando arrecadar com antecedência os R$ 47,9 milhões necessários.

O ex-governador Zeca do PT descansa em um condomínio de sua propriedades no Pantanal e tem dito por intermédio de sua assessoria que só irá se pronunciar sobre a crise do Estado ao voltar das férias, no dia 25.